A ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, vem se tornando um nome consolidado no cenário político nacional, algo que parece estar incomodando velhos caciques aliados ao governo de ocasião, como o ex-ministro José Dirceu, que já foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão por ligação com o escândalo do “mensalão”.
Dirceu concedeu uma entrevista à emissora CNN Brasil, onde admitiu que mesmo derrotado nas eleições presidenciais de 2022, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro mantém uma força política capaz de eleger nomes para grandes cargos da República, como o da própria esposa.
“Eu não subestimaria a Michelle como candidata [à Presidência], porque o Bolsonaro tem uma natureza duma força, o Bolsonaro elegeu senadores, o Tarcísio foi eleito em São Paulo”, disse o ex-ministro.
Evangélicos na política
A possibilidade levantada por Dirceu se baseia na força dos evangélicos na política nacional, o que segundo a revista Veja constitui um grande desafio para o atual governo, que vem tentando conquistar a confiança do segmento.
“Celebrado em cultos lotados, o avanço dos evangélicos no Brasil representa uma tremenda dor de cabeça para o Palácio do Planalto — as grandes denominações cerraram fileiras em torno do bolsonarismo e, por mais acenos que faça, o presidente Lula, passado um ano da posse, segue sendo um filisteu no universo dos crentes”, afirma a revista numa matéria publicada três dias atrás.
Como se não bastasse a distância entre o governo do PT e os evangélicos, que rejeitam pautas liberais como a agenda LGBT+, a descriminalização das drogas, aborto e a promoção de medidas consideradas uma ameaça à liberdade da educação familiar, Michelle Bolsonaro, em contrapartida, possui grande aceitação entre as igrejas.
Com uma oratória cada vez mais fluida e presença marcante, a ex-primeira-dama também agrada o leitorado feminino, uma parcela considerada deficiente durante a gestão do seu marido. Veja também:
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