A estratégia das Organizações Globo para o público evangélico causou a primeira grande polêmica, após a divulgação que a empresa GEO Eventos – braço do grupo voltado para a realização de eventos – planeja criar uma exposição denominada Feira Internacional Cristã (FIC) para concorrer com a Expocristã.
Num encontro realizado recentemente entre a direção da TV Globo e pastores evangélicos, o anúncio da criação da FIC foi motivo de incômodo, uma vez que a Expocristã, na visão destes pastores, é cria do próprio meio evangélico.
A empresa organizadora da Expocristã é a EBF Comunicações, e foi através dessa empresa que a GEO Eventos foi apresentada aos líderes cristãos de maior expressão, possibilitando assim, a criação do Troféu Promessas, e mais tarde, do Festival Promessas.
Em meio às polêmicas e disputas pelo mercado evangélico, a direção da EBF Comunicações divulgou à imprensa uma nota de repúdio à estratégia de aproximação da GEO Eventos com o público evangélico.
-A EBF Comunicações esclarece que participou da concepção dos eventos denominados Festival e Troféu Promessas com o intuito de abrir as portas da empresa Globo Comunicação para o evangelho de Cristo. De acordo com contrato firmado com as empresas GEO Eventos, Som Livre/Globo Comunicação e Participações S.A., a EBF promoveu o lançamento do festival e troféu em 2010 e colaborou com a produção durante todo o ano de 2011, até a sua realização, veiculando em suas publicações matérias, anúncios e ainda várias peças de comunicação para que tal evento se tornasse realidade.
Na nota, a EBF Comunicações explicita que “foi surpreendida por diversas ações da GEO Eventos, que vem oferecendo ao mercado propostas de um evento voltado ao público sem a concordância e participação da EBF, alijada do processo de maneira antiética e unilateral”.
A blogueira Vera Siqueira, esposa do pastor Paulo Siqueira, colunista do Gospel+ e líder do Movimento Pela Ética Evangélica Brasileira (MEEB), publicou um artigo sobre o embate entre as empresas. No texto, Vera afirma que “para muitos, o ‘pregar a Palavra’ é a desculpa para encherem seus bolsos com os tesouros desta terra. Como não basta lucrar, tendo que lucrar muito mais do que os outros, é preciso que este ‘pregar’ (ou melhor, mercadejar) ocorra sem a sombra de concorrentes que possam diminuir nosso ganho. O espiritual perde lugar para o administrativo”, critica.
O colunista do Gospel+ Paulo Teixeira comentou o imbróglio entre a EBF e as Organizações Globo e afirmou que “à medida que vai crescendo o número de evangélicos, os olhares mercadológicos vão crescendo cada vez mais, e nada nos surpreenderá se amanhã surgir mais uma nova igreja evangélica – Igreja da Promessa Global. Certamente conseguirá agregar muitos membros”.
Paulo Teixeira citou em seu texto um comentário do pastor Rubens Teixeira (seu irmão) sobre o assunto, com um ponto de vista peculiar. Para o pastor Rubens, a entrada da Globo no mercado evangélico é uma maneira que a empresa encontrou de aumentar as receitas que financiam os programas que veicula, boa parte deles contrários aos princípios pregados nas denominações evangélicas: “É o evangélico pagando o chicote para chicotear as suas costas, de suas famílias e de suas igrejas”. Leia a íntegra do artigo de Paulo Teixeira neste link.
Porém, em meio a toda a polêmica, o jornalista Lauro Jardim, colunista da revista Veja, afirmou que a empresa da família Marinho divulgou um desmentido sobre os supostos contratos entre a EBF e as empresas da organização. Segundo Jardim, “A Globo esclarece que não tem e nunca teve qualquer vínculo com a EBF e que a GEO nunca firmou contrato de exclusividade com a empresa”.
Procurada pelo Gospel+ a EBF Comunicações não respondeu a nenhum contato até o fechamento da matéria.
Confira abaixo a íntegra do comunicado da EBF Comunicações sobre o impasse:
A EBF Comunicações esclarece que participou da concepção dos eventos denominados Festival e Troféu Promessas com o intuito de abrir as portas da empresa GLOBO COMUNICAÇÃO para o evangelho de Cristo. De acordo com contrato firmado com as empresas GEO Eventos, Som Livre/Globo Comunicação e Participações S.A., a EBF promoveu o lançamento do festival e troféu em 2010 e colaborou com a produção durante todo o ano de 2011, até a sua realização, veiculando em suas publicações matérias, anúncios e ainda várias peças de comunicação para que tal evento se tornasse realidade.
O contrato assinado foi cumprido de forma ética e integral por parte da EBF, que prima por conceitos cristãos.
Recentemente a EBF foi surpreendida por diversas ações da GEO Eventos, que vem oferecendo ao mercado propostas de um evento voltado ao público sem a concordância e participação da EBF, alijada do processo de maneira antiética e unilateral.
Uma vez que foi a EBF Comunicações quem introduziu a GEO Eventos no meio cristão por ocasião do contrato celebrado entre as partes, essas ações têm gerado questionamentos para empresas e ministérios que compõem o segmento por entender que as ações atuais daquela empresa têm ainda a anuência da EBF.
Desta forma, a EBF Comunicações esclarece que não possui vínculo nem envolvimento nestas iniciativas e declara de forma veemente que repudia o modo como a GEO eventos/Globo Comunicação e Participações S.A. vêm tratando o assunto, deixando de reconhecer direitos legítimos que a EBF tem garantido por contrato assinado entre as partes.
Neste ínterim, a EBF seguirá as instruções do seu departamento jurídico, que está representando a empresa em seu fiel compromisso de prestar serviços relevantes para o meio evangélico, através dos projetos e eventos.
A EBF Comunicações reforça ainda que prima por sua neutralidade e respeito em relação aos diversos segmentos cristãos, sejam eles representados por tradicionais, pentecostais, neo pentecostais e comunidades que vêm qualificando a EBF ao longo dos anos como apoiadores de ministérios focados na difusão do evangelho de Jesus.
Direção EBF Comunicações
Por Tiago Chagas, para o Gospel+