Souad Thabet, uma cristã copta de 70 anos, foi forçada por um grupo de 300 muçulmanos a caminhar nua pelas ruas de sua aldeia, localizada na província de Minya, Egito. O incidente, ocorrido em maio de 2016, ficará sem punição aos culpados.
Os promotores responsáveis por investigar o caso decidiram arquivar a ação por entenderem que não foram produzidas “provas suficientes para condenar os acusados”, segundo informações da agência Associated Press.
Thabet é mãe de um homem que se envolveu com uma mulher muçulmana. Em retaliação, os muçulmanos se juntaram e a obrigaram a caminhar nua, um gesto de humilhação em diversas culturas.
O advogado que atende aos interesses da idosa, Eihab Ramzy, afirmou que a postura dos promotores é uma demonstração da “calamidade” que acontece aos cristãos no país: “A investigação preliminar ouviu depoimentos que davam apoio à vítima, como seus familiares e policiais que estavam presentes no local”, frisou o advogado.
Ramzy acrescentou ainda que Souad Thabet foi orientada, pelas autoridades locais, a fazer as pazes com seus vizinhos muçulmanos, os mesmos que a submeteram a tamanha humilhação e saíram impunes.
Em entrevista a uma emissora de TV norte-americana voltada ao público cristão, a idosa afirmou que desde o incidente, ela e sua família vivem sob ameaça de outros extremistas muçulmanos, e que por isso, não podem retornar à aldeia.
“O governo está permitindo que os opressores andem livres nas ruas. Esta é a nossa aldeia, onde nascemos e crescemos. Como podemos ser vítimas e não poder retornar para nossa aldeia e casas?”, questionou.
“Eu estava esperando que eles fossem punidos”, disse Thabet ao jornal inglês The Telegraph. “Agora só posso queixar-me a Deus e esperar que Ele traga justiça”, concluiu.
Segundo informações do portal World, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, se referiu ao ataque como “vergonhoso” e pediu uma investigação justa e transparente.
Os cristãos no Egito representam cerca de 10% da população do país e enfrentam discriminação, que é mais proeminente em regiões menos povoadas, como a província de Minya.
O oficial de advocacia do Christian Solidarity Worldwide (CSW) no Egito disse que os cristãos no Egito só procuram tratamento igual e não tratamento especial, e descreveu a decisão dos promotores como decepcionante e que essa postura poderia encorajar agressões semelhantes: “Se a justiça não está sendo atendida, não há impedimento de que isso não volte a acontecer”, alertou.