A política de censura das grandes empresas de comunicação e tecnologia ao pensamento conservador já não é mais visto como uma suspeita, à medida que o número de páginas e criadores de conteúdo com esse viés de pensamento se tornam alvo constante de bloqueios.
O Facebook, maior rede social do planeta, adotou estratégia de intensificar o bloqueio de páginas que promovem uma visão crítica em relação ao progressismo. E os principais alvos nos Estados Unidos são cristãos que ocupam posição de formação de opinião.
O caso mais recente é o da blogueira Elizabeth Johnston, conhecida nos EUA como “The Activist Mommy” (“a mamãe ativista”, em tradução do inglês), que voltou a ter sua página censurada pelo Facebook. Algo semelhante já havia acontecido em 2017, quando Elizabeth sofreu censura por fazer afirmações sobre a homossexualidade a partir da visão bíblica.
“Aparentemente, aborreci a ‘Polícia do Pensamento’ no Facebook com algo que publiquei”, disse Johnston à emissora Christian Broadcasting Network (CBN) na última segunda-feira, 20 de agosto. “Quando cliquei no Facebook para postar algo na última quarta-feira, não pude postar e fui notificada de que havia sido banida por causa de ‘discurso de ódio’. O Facebook se recusou a me dizer o que eu postei que seria ‘odioso’, então como posso me prevenir de cometer uma infração no futuro?”, questionou.
A “mamãe ativista” possui mais de 600 mil seguidores na redes social, e costuma abordar questões polêmicas, como por exemplo, o incentivo à prática do aborto por adolescentes feito por clínicas especializadas em interrupção da gravidez.
Com a repercussão do caso na mídia cristã norte-americana, o Facebook emitiu um “pedido de desculpas” a Elizabeth pela exclusão de sua página: “Lembram-se de como o Facebook me baniu da minha plataforma por ‘discurso de ódio’ esta semana, mas não podia me dizer o que eu fiz que era odioso? Acho que não era tão odioso depois de tudo”, ironizou Johnston em uma publicação posterior.
“Eles se desculparam. ‘Um de nossos sistemas de detecção sinalizou erroneamente seu conteúdo […] Nós restauramos o conteúdo e pedimos desculpas pelo inconveniente'”, afirmou Elizabeth, repetindo as palavras do comunicado do Facebook.
Esquerda
Em abril, durante uma audiência no Senado dos Estados Unidos, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, admitiu que a empresa tem uma orientação de esquerda devido ao perfil dos funcionários que contrata.
Segundo ele, certos excessos cometidos pela rede social contra o pensamento conservador seria fruto do ativismo destes funcionários. “Enfrentamos vários problemas com democracia e privacidade. Vocês estão certos em me questionar. Facebook é uma empresa idealista, no começo pensamos em todas as coisas boas que poderíamos fazer. Mas está claro agora que não fizemos o suficiente para impedir que essas ferramentas sejam usadas para o mal também. Isso vale para fake news, interferência em eleições e discurso de ódio”, admitiu.
Agora, com a nova onda de censura a formadores de opinião conservadores, a rede social está sob intenso escrutínio de entidades que prezam pela liberdade de expressão e tem sido alvo de constantes denúncias.
A Universidade Prager, uma organização sem fins lucrativos que cria vídeos com visões políticas conservadoras, usou o Twitter recentemente para denunciar uma limitação imposta pela empresa de Zuckerberg: “Estamos sendo fortemente censurados no Facebook”, afirmou o comunicado.
Dois vídeos publicados pela organização foram excluídos sob o rótulo de “discurso de ódio”. Um deles apontava para a importância dos homens voltarem a serem “masculinos”, mas não trazia conteúdo de estímulo à violência ou ódio. Assim como no caso da “mamãe ativista”, o Facebook não explicou especificamente porque censurou o material.
Will Witt, diretor da página da Prager, comentou: “Nossos últimos nove posts foram completamente censurados, alcançando 0 de nossos 3 milhões de seguidores. Pelo menos duas das nossas postagens em vídeo foram excluídas ontem à noite por ‘incitação ao ódio’, incluindo uma postagem de nosso recente vídeo com a The Conservative Millennial, Make Men Masculine Again (“Façam os Homens Masculinos Novamente”).
“Essa foi a primeira vez para nós. Embora tenhamos sofrido discriminação flagrante do Google e YouTube – é por isso que entramos com uma ação legal contra eles – isso representa um nível totalmente novo de censura do Facebook. Neste momento, o Facebook forneceu pouca clareza, dizendo que nos dará um retorno em mais dois ou três dias úteis, o que no mundo das mídias sociais pode muito bem ser uma eternidade”, comentou Craig Strazzeri, diretor de marketing da organização.
“A evidência mostra que eles estão restringindo visões conservadoras em sua plataforma”, acrescentou Witt em entrevista à Fox News.
Radicalismo
Robert A. J. Gagnon, um professor de teologia que usa a rede social para compartilhar pensamentos críticos sobre assuntos diversos, acusou o Facebook de atuar de forma radical na difusão de pensamentos de esquerda.
Uma publicação sua criticando um vídeo que sugestionava a prática homossexual para crianças gerou uma suspensão de sua conta no Facebook. O texto publicado dizia que o “vídeo celebra a perversidade sexual, não a ‘diversidade sexual'”.
Gagnon, que atua no Seminário Teológico de Pittsburgh, foi avisado pelo Facebook que se voltasse a abordar temas semelhantes a censura viria através de suspensões mais longas. “A verdade é que o Facebook pertence e é administrado por esquerdistas radicais que intencionalmente mantêm as diretrizes da comunidade muito subjetivas e vagas, o que lhes dá poder ilimitado para silenciar e marginalizar qualquer pessoa cuja voz queira desligar”, disse o teólogo.
“A esquerda teme a nossa voz porque estamos efetivamente persuadindo e desmantelando suas mentiras sobre o aborto, a homossexualidade, o islamismo, o feminismo radical e uma série de outras questões que são um ataque total aos nossos valores cristãos”, acrescentou.
Todo esse radicalismo, no entanto, não intimida a “mamãe ativista”: “Acho tudo muito engraçado e embaraçoso para os CEOs do Vale do Silício. Quanto mais eles nos silenciam, mais as pessoas querem ouvir o que temos a dizer. Então, prossiga, povo de Deus. Seja mais ousado e mais forte do que nunca. Você tem o Deus do céu do seu lado!”, finalizou.