A censura à fé e liberdade religiosa nos Estados Unidos tem um cenário corriqueiro: os campos de futebol. São diversos os casos de imposição do silêncio a partir de uma interpretação equivocada do conceito de laicidade. Mas, o caso de Joe Kennedy mostra um passo além: a escola onde trabalhava o demitiu por fazer uma oração pessoal.
Kennedy virou manchete nos Estados Unidos por sua determinação em lutar pelo direito de expressar sua fé enquanto exerce sua profissão, mesmo que de maneira silenciosa, já que a ameaça de demissão surgiu depois que ele fez orações antes e depois das partidas de seu time.
O distrito escolar havia dado um ultimato: “Se você falar com Deus, você está demitido”. Como decidiu manter sua fé e não recuou, perdeu o emprego na Escola de Ensino Médio Bremerton, no estado de Washington.
O advogado do treinador, Michael Berry – que atua no First Liberty Institute – considerou que o distrito escolar “escolheu o guerreiro errado para tentar abater”. “Essa oração envolvia apenas ele, de forma silenciosa ou muito quieta, e não durava mais do que 15 ou 30 segundos. Isso aconteceu por sete anos sem uma única reclamação ou problema, mas como todos sabemos, nenhuma boa ação fica impune”, afirmou.
Entre 2008 e 2015, Kennedy se ajoelhava, silenciosa e discretamente, após cada partida, para orar em gratidão a Deus. Mas o distrito escolar decidiu ir pelo caminho da censura por temer uma ação de grupos ateus organizados, e disse ao treinador que ele não poderia curvar a cabeça, se ajoelhar ou fazer qualquer outro gesto que indicasse um diálogo com Deus.
“Quando o governo coloca você em uma posição em que você tem que escolher entre a sua fé e seu trabalho, isso é algo que nenhum americano deveria experimentar”, disse Berry, que apresentou um pedido de revisão do caso na última segunda-feira, 25 de junho, na Suprema Corte dos Estados Unidos.
O First Liberty Institute acredita que este caso poderia ser um caso de estabelecimento de precedentes judiciais em prol da liberdade religiosa: “Isso pode definir se os funcionários das escolas públicas perderão seus direitos da Primeira Emenda apenas por serem funcionários da escola pública”, disse Berry, de acordo com informações do portal Charisma News.
Kennedy está pedindo seu emprego de volta, para que ele possa começar a fazer o que ama novamente. “A Suprema Corte dos EUA é praticamente o fim da estrada quando se trata de apelar a uma decisão legal. Pedimos ao tribunal para reverter a decisão do Nono Circuito e do Tribunal Distrital de Washington”, resumiu o advogado.
O jornalista Todd Starnes, apresentador da Fox News, comentou o caso considerando ser uma ironia que os “treinadores se ajoelhem para protestar contra o governo, mas seja ilegal que profissionais de escolas públicas se ajoelhem para orar a Deus”, em referência aos protestos nos esportes profissionais contra o presidente Donald Trump.