As constantes manifestações do vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB) sobre declarações diversas do presidente Jair Bolsonaro (PSL), motivaram uma crítica pública da parte do pastor Marco Feliciano (PODE-SP) na manhã desta quarta-feira, 03 de abril.
Feliciano comentou a fala de Mourão sobre declarações de Bolsonaro, dadas em Israel durante sua visita ao país, sobre a origem ideológica do nazismo. Para o presidente, e uma série de pensadores, o movimento liderado por Adolf Hitler na Alemanha tem as características totalitárias de regimes de esquerda. Em oposição, há analistas políticos que se opõem a essa visão, atribuindo o regime à extrema direita.
“De esquerda, é o comunismo, não resta a mínima dúvida. Se a gente for olhar, sabe que sou um crítico contumaz desta questão de direita e esquerda. Eu acho que são ambas visões totalitárias, de controle total da população, de desrespeito aos direitos humanos e que não se coadunam com o espírito que a gente busca para a humanidade […] Eu critico direita e esquerda. […] Nazismo e comunismo são duas faces de uma moeda só, o totalitarismo”, afirmou Mourão na última terça, 02.
Para Marco Feliciano, Mourão vem abusando da paciência dos aliados de Jair Bolsonaro, assim como do próprio presidente, com suas manifestações sempre abrindo espaços para críticas ao governo por parte da mídia.
“Até quando, general Mourao, abusarás da nossa paciência? Depois de culpar injustamente o presidente Jair Bolsonaro pela divulgação de um vídeo, agora corrige o presidente em público com a questão do nazismo, mais uma vez minando a autoridade presidencial. Muita deslealdade! Nunca vi vice falar tanto. Desde janeiro, contradiz o tempo todo seu superior. Sua conduta é desleal/indigna/desonrosa e indecorosa! Vice também sofre impeachment: é crime de responsabilidade proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”, disparou Feliciano, colocando uma situação extrema como possível consequência.
“Cícero, senador romano, sempre começava [seus discursos] com essa frase: ‘Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?‘ (Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?)”, acrescentou o parlamentar, marcando a conta do vice-presidente nas publicações no Twitter.
As falas desastrosas de Mourão para o governo, de caráter conservador, já motivaram críticas de outros aliados no meio evangélico. Em fevereiro, o vice-presidente se manifestou favorável à flexibilização da legislação sobre o aborto, o que despertou a ira do público evangélico, e levou a uma manifestação aguda do pastor Silas Malafaia.
“Grande parte do povo brasileiro votou em Bolsonaro por causa da agenda que ele defende. Bolsonaro é a favor da família tradicional, é contra ideologia de gênero e contra o aborto. General Mourão, por que lá trás, antes da indicação de você como vice, por que você não abriu a sua boca dizendo que apoiava o aborto porque ‘é uma questão de saúde pública’?”, questionou o pastor.
“É covardia, cinismo, oportunismo da sua parte abrir a boca agora, nesse momento que o governo se inicia. E o seu papel constitucional é substituir o presidente nos seus impedimentos. Não é ficar dando pitaco naquilo, pelo qual, o povo elegeu Bolsonaro”, acrescentou.