A possibilidade de sair candidato à reeleição em 2022, aventada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi vista como natural por boa parte dos aliados políticos, mas em especial pelo pastor Marco Feliciano (PODE-SP), que estaria almejando a vaga de vice, substituindo o general Hamilton Mourão (PRTB).
A movimentação de Feliciano desde o início do governo, em confronto com Mourão – o pastor protocolou um inédito pedido de impeachment do vice e declarou que tratava-se de um “tiro de alerta” – seria uma forma de se apresentar como um aliado intransigente de Bolsonaro.
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o afastamento de Mourão de Bolsonaro já vem ocorrendo. Recentemente o chefe de sua assessoria, André Stumpf, pediu demissão por conta da pressão dos aliados de Bolsonaro para que o general se mantenha discreto.
“O enfático aceno de Jair Bolsonaro à reeleição, justamente no meio do eleitorado evangélico, fez o deputado Marco Feliciano sonhar mais alto. O pastor, um dos mais expressivos líderes do grupo religioso, está de olho na vice-presidência em 2022”, diz a matéria no site do jornal.
O próprio pastor admite que considera essa possibilidade: “Só de evangélicos no país são 60 milhões. Seria uma chapa dos sonhos”, disse Feliciano ao Estadão.
Em março, quando estreou a nova legislatura, Feliciano – um admirador do filósofo Olavo de Carvalho – adotou postura de maior protagonismo dentre os parlamentares governistas. Tornou-se vice-líder do governo, passou a frequentar o Palácio do Planalto e com frequência viaja ao lado do presidente.
Nesse meio tempo, um dos ministros de quem Feliciano discordava, general Santos Cruz, também foi substituído pelo presidente. De quebra, viu Bolsonaro escolher um substituto evangélico para a função: o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, até então comandante militar do Sudeste, é o novo chefe da Secretaria de Governo.
Na Marcha Para Jesus, realizada na última quinta-feira, 20 de junho, Feliciano surgiu ao lado do presidente e foi igualmente ovacionado pelo público presente. Dentre os aliados, a declaração de Bolsonaro sobre a possibilidade de disputar a reeleição foi fruto de sua “espontaneidade”, mas também obra de um raciocínio lógico: “Vai arrumar a casa para entregar para quem? Ciro? Marina? Doria?”, questionou um aliado.
Outro grande aliado de Bolsonaro, Major Olimpio, líder do PSL no Senado, também manifestou apoio à ideia do presidente disputar a reeleição: “Onde ele vai os eleitores pedem que ele avance para oito anos. Meu candidato em 2022 é Bolsonaro para reeleição”, afirmou.