Uma troca de advogado evidencia a mudança da estratégia de defesa da deputada Flordelis (PSD-RJ), que se queixou de “preconceito” contra ela no processo que vem sofrendo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Desde a morte do pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, o responsável por assessorar Flordelis e, posteriormente, defende-la das acusações de envolvimento com o crime era o advogado Anderson Rollemberg, que agora foi retirado do caso pela parlamentar. Em seu lugar entrou a ex-deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ).
Rollemberg, no entanto, continua ligado ao processo como defensor de um dos filhos de Flordelis, e minimizou o impacto da mudança: “Continuo no processo atualmente pelo filho biológico Flávio, que é acusado de ser o executor do crime. Essa saída nesse momento foi tão somente estratégia de defesa da banca de advogados. Não há outro motivo”, disse, de acordo com informações da revista IstoÉ.
No início de maio a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, do 3º Tribunal do Júri de Niterói (RJ), decidiu que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) irá a júri popular pelo assassinato de Anderson, juntamente com outros nove réus.
‘Preconceito’
Flordelis concedeu depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no dia 13 de maior por mais de três horas, reafirmou que é inocente e defendeu que está sendo alvo de preconceitos no processo, o que estaria resultando em injustiça.
“Há um processo contra mim, mas eu ainda não fui julgada. Queria que vocês pensassem, refletissem, para que uma injustiça não seja cometida nesta casa”, disse Flordelis, que mais uma vez negou ter mandado assassinar o marido por uma disputa por poder e controle do dinheiro da família.
“Existe um pequeno grupo de falsos cristãos que querem, a qualquer custo, continuar me agredindo, continuar me rotulando de assassina, pra conquistar os fiéis das igrejas que infelizmente, eu tive que fechar”, disse ela, acrescentando que tem enfrentado dificuldades financeiras porque tem usado metade de seus rendimentos como deputada para manter as contas das congregações que dirige em dia.
Segundo ela, as prestações do financiamento de seu casa estão sendo pagas por amigos, que a ajudam a sustentar a numerosa família. Flordelis responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada e está sendo monitorada por tornozeleira eletrônica.
Sua filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, também depôs no Conselho de Ética no processo que pode resultar na cassação da mãe, e afirmou que pagou R$ 5 mil para que o padrasto fosse assassinado como forma de interromper os abusos que ele, supostamente, cometia contra ela.
“Eu estava em desespero, não aguentava mais as investidas dele, porque ele queria ficar comigo de qualquer forma. Ele me ameaçava cortar o dinheiro da minha medicação, do meu tratamento de câncer, eu não conseguia falar com a minha mãe concernente a isso”, disse Simone, que alega ter sido estuprada pelo pastor Anderson do Carmo “algumas vezes”.