O delegado Allan Duarte atribuiu a mentoria do assassinato do pastor Anderson do Carmo à ex-deputada Flordelis, com quem a vítima era casada. A declaração foi feita durante depoimento no julgamento de quatro réus.
Duarte, que atuou no inquérito realizado pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) declarou de maneira contundente que a viúva arquitetou a morte de Anderson do Carmo.
“A iniciativa foi da Flordelis, ela foi a mentora. Os demais indiciados agiram de acordo com ela, mas ela foi a mentora”, disse Duarte em resposta a uma pergunta feita pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, onde ocorre o júri popular.
O julgamento iniciado ontem, 12 de abril, deverá ser concluído nesta quarta-feira, 13, com a definição da sentença contra Adriano dos Santos Rodrigues (filho biológico de Flordelis), Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filho afetivo), Marcos Siqueira Costa (ex-policial militar) e Andrea Santos Maia (mulher do ex-PM).
O julgamento de André Luiz de Oliveira, filho afetivo da ex-deputada federal, foi adiado pois o advogado passou mal, segundo informações do portal G1.
O delegado afastou a hipótese de que o crime tenha sido motivado por supostas agressões de Anderson do Carmo à ex-deputada, pois essa alegação não foi evidenciada: “Não ficou comprovado que Anderson promovia violência doméstica contra Flordelis. Há notícia que dele que promovia agressão contra crianças da casa, mas nada foi comprovado”, comentou, relatando afirmações colhidas durante os depoimentos.
Ao longo da investigação, um rumor sugeria que o casal teria ido a uma casa de swing na noite do crime, mas o delegado também afirmou que nenhuma evidência de que isso tenha acontecido foi encontrada:
“Não ficou comprovado que eles teriam ido à casa de swing. Considerei isso um dado satélite. No dia do fato houve notícia de que eles teriam ido à casa de troca de casais, mas não considerei porque tinha que determinar a autoria e participações. Ficou em segundo plano”, disse.
Bate-boca
A delegada Bárbara Lomba, que iniciou as investigações, também foi ouvida pela juíza e pelos jurados durante a sessão, que foi marcada por um bate-boca entre a advogada da ex-deputada, Janira Rocha, e o advogado que representa a família de Anderson do Carmo, Angelo Maximo.
Janira declarou que Anderson do Carmo cometia abusos sexuais, verbais e patrimoniais contra mulheres da casa, e Máximo rebateu, afirmando tratar-se de uma acusação covarde.
A respeito dessas alegações feitas contra a vítima, o delegado Allan Duarte também afirmou que não houve indícios suficientes para comprovar que Anderson do Carmo promovesse qualquer tipo de violência sexual na casa da família.
O julgamento dos demais réus, incluindo Flordelis, será realizado em uma segunda sessão, a partir do dia 09 de maio.