A TV Globo usa sua programação para difundir os valores que considera adequados para a sociedade, e mesmo com a oposição da parcela conservadora e majoritária da população, mantém sua agenda inalterada. No entanto, o humorístico Zorra tem sido usado como o principal programa de ridicularização da fé cristã, em especial a tradição evangélica.
No último sábado, 12 de maio, a esquete “O Ônibus da Fé”, mostrava passageiros “evangélicos” esperando o transporte no ponto, com pressa pela chegada do ônibus e sem nenhum interesse na volta de Jesus.
“437… Esse ônibus é tinhoso. A gente está aqui orando para ele passar”, diz um dos fiéis estereotipados. “Junte-se a nós”, convida ele à mulher que pedia informações.
“Ô pai, faz o 437 passar, oxaláralaralarala”, suplica o fiel, numa imitação das línguas estranhas. “Passa vazio para a gente ir sentado”, enfatiza ele, abraçando a outra passageira.
Após intantes de oração, a mulher que busca informações e foi envolvida no “clamor”, aponta: “Olha lá”, referindo-se ao ônibus, que não para no ponto. “Passou”, lamenta ela. A oração, então, recomeça: “Ô senhor, manda o 437. A gente não aguenta mais esperar”, pede o fiel.
Outro fiel, então, corre para avisar: “Ele está vindo!”. Os demais fiéis comemoram, mas ele interrompe: “Não é o ônibus, é Jesus!”. A reação do grupo é de desprezo: “Mas esse aí volta o tempo todo, eu quero o 437”, reclama o líder dos “crentes”. Clique na imagem abaixo e assista no site da emissora.
Zombaria
O humorístico vem adotando uma postura bastante agressiva com os fiéis evangélicos desde que foi repaginado. Já foram feitas piadas sobre um pastor que recusava dízimos e ofertas, além de militância a favor da tributação das igrejas, numa clara adesão à bandeira ateia que visa o cerceamento da liberdade religiosa.
Em outros programas, o Zorra mostrou um “Deus LGBTQ” e fez piada com as “línguas estranhas”, e ainda zombou da concepção virginal de Maria e de possessões demoníacas.
Toda essa carga de críticas pode ser compreendida em dois fatores: um antagonismo à principal concorrente, Record TV – que adota a Bíblia como temática de suas principais produções dramatúrgicas -; e uma falta de assunto causada pela adesão do principal roteirista do programa, Marcius Melhem, ao conceito “politicamente correto”, com veto a piadas sobre inteligência feminina, homossexualidade e outros temas comuns às piadas populares.