A Globo acionou a jornalista Delis Ortiz para a cobertura da viagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao Japão. Evangélica, ela virou notícia meses atrás por presentear o mandatário com um exemplar da Bíblia Sagrada.
Normalmente, a TV Globo escala seus correspondentes para fazer a cobertura das viagens presidenciais. No Japão, atualmente a emissora conta com Carlos Gil, enviado para cobrir os preparativos das Olimpíadas de Tóquio no próximo ano.
No entanto, como vive em pé de guerra contra Bolsonaro, a emissora da família Marinho adotou uma estratégia diferente na viagem internacional do presidente, que se estenderá por outros países da Ásia e Oriente Médio: escalou Delis Ortiz, que é membro da Igreja Presbiteriana de Brasília (DF).
De acordo com informações do portal Terra, a iniciativa parece ter dado resultado, já que Bolsonaro dedicou tratamento cortês à jornalista, que até teve a oportunidade de caminhar ao lado do presidente durante um passeio e conseguiu respostas para todas as suas perguntas.
Ortiz está na Globo desde 1991, já foi correspondente internacional e atualmente cobre o cotidiano do poder em Brasília. Na ocasião em que presenteou Bolsonaro com uma Bíblia, a jornalista viu sua atitude ser questionada pelos colegas de imprensa, e a Globo declarou não ter ligação com o gesto.
“Em abril, Delis Ortiz havia sido transferida da cobertura do Palácio do Planalto para os assuntos do Congresso Nacional. Motivo: uma de suas filhas fora indicada a cargo técnico na Secretaria-Geral da Presidência. O remanejamento ocorreu para evitar possíveis conflitos de interesses de acordo com os princípios editoriais da Globo. Dois dias depois, com a nomeação cancelada, a jornalista voltou ao posto original”, recapitulou Jeff Benício, jornalista do Terra.
Ainda segundo o profissional, a Globo vê a proximidade de Delis Ortiz com Bolsonaro como uma forma de facilitar a cobertura diária. “Serve ainda como mediação para melhorar o relacionamento espinhoso entre o Executivo e o canal. Jair Bolsonaro vê o Grupo Globo como inimigo. Disse sentir-se perseguido e prejudicado pelos veículos de comunicação do clã Marinho”, escreveu Benício.