“Ame o seu próximo como a si mesmo. Não existe mandamento maior”, disse Jesus em Marcos 12:31. E o guarda civil metropolitano Marcos de Moraes, 51 anos, descobriu sua forma de cumprir esta ordenança oferecendo ajuda a dependentes químicos.
Há oito anos na GCM de São Paulo (SP), Moraes já ajudou cerca de 50 dependentes químicos, usuários de crack, encaminhando para abrigos, levando de volta para a casa da família ou até mesmo, acolhendo em sua própria residência.
A abordagem, direta, é acompanhada de uma oferta: “Você aceita ajuda? Eu não estou brincando. Se você confiar em mim, eu posso te tirar das ruas”, diz Moraes aos dependentes que encontra durante suas horas de trabalho.
“Levo para casa mesmo. Sei que é um número pequeno, mas não me importo com quantidade, e sim com a qualidade. Quando pego um caso, vou até o fim”, afirmou Moraes, em entrevista à sucursal brasileira da BBC.
A decisão de abordar e oferecer ajuda é tomada pelo guarda após observar à distância o comportamento de usuários que ele encontra na cracolândia, uma região do centro antigo da capital paulista.
E sua atitude é baseada na Bíblia Sagrada, revela. A parábola do Bom Samaritano, usada por Jesus para difundir um conceito aos seus seguidores, inspira Moraes: “Os moradores de rua merecem no mínimo serem ouvidos, merecem atenção. Isso é antigo. Tem uma passagem na Bíblia com o homem caído que é ignorado pelas pessoas que poderiam ajudá-lo. Mas um passa e vem para ajudá-lo. Esse sou eu. Se tiver no meu alcance, vou ajudar na hora”, afirmou.
As redes sociais são outra ferramenta usada por ele para ajudar os dependentes com quem se encontra. Através do Facebook, ele faz uma pesquisa para encontrar os familiares dos usuários de crack.
O caso do pedreiro Geraldo Martins, 63 anos, é um dos que foram ajudados por Moraes e sua esposa, Karyne, 29 anos. “Ele trabalha em São Paulo e a esposa dele fica sozinha. Não sei como ele teve coragem de me trazer. Ele confia demais em mim”, comentou Martins, que saiu de Pernambuco à procura de emprego, mas terminou morando na rua.
Moraes e Karyne vivem em uma casa alugada na cidade de Mogi das Cruzes, Região Metropolitana de São Paulo, e é para lá que o guarda leva quem decide ajudar.
Karyne conta que conheceu o marido através das redes sociais, já que ela o ajudou a divulgar o caso de um homem que estava distante da família há 25 anos. “Eu sempre compartilhava as postagens dele e a gente começou a conversar. Nos encontramos, namoramos dois anos e casamos”, disse.
Assista ao vídeo da reportagem neste link.