A cidade de Nova York enfrentou uma das piores situações registradas nos EUA em relação à pandemia de coronavírus, e a entidade cristã Samaritan’s Purse, liderada pelo pastor Franklin Graham montou um hospital de campanha no Central Park para ajudar enfermos.
Agora, o governador de Nova York, Andrew Cuomo – filiado ao Partido Democrata, de esquerda – está cobrando que a entidade humanitária pague impostos pelo tempo em que esteve ajudando a contornar a crise com atendimento e internações gratuitas.
Cuomo recentemente se envolveu em uma polêmica no meio cristão ao afirmar que “não foi Deus” que ajudou seu estado a combater a pandemia de Covid-19, e sim, as pessoas. Agora, está tentando obter recursos justamente da entidade missionária que se mobilizou com equipamentos, profissionais e médicos para socorrer os nova-iorquinos.
Segundo informações do portal The Christian Post, a Samaritan’s Purse tratou 315 pessoas infectadas nas instalações emergenciais, mas para o governador Andrew Cuomo, a entidade deve pagar os impostos estaduais por prestar atendimento: “Não estamos em condições de fornecer subsídios no momento, porque temos um déficit de US$ 13 bilhões”, argumentou.
A postura de Cuomo é alicerçada na lei estadual que cobra imposto de renda de qualquer pessoa ou entidade que lá trabalhe por mais de 14 dias. O fato é que a Samaritan’s Purse só foi a Nova York por conta da necessidade de leitos adicionais para pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
“Há muitas coisas boas que eu gostaria de fazer, e se conseguirmos financiamento federal, podemos fazer, mas seria irresponsável eu ficar aqui olhando para um déficit de US$ 13 bilhões e dizer que vou gastar mais dinheiro, quando eu não posso nem pagar os serviços essenciais”, insistiu Cuomo.
Aberto no dia 1° de abril, o hospital de campanha com 68 leitos da Samaritan’s Purse foi instalado no Central Park para funcionar como uma extensão do Hospital Mount Sinai. O pastor Franklin Graham evitou responder diretamente ao governador e comentou que apenas atendeu ao chamado dos responsáveis pelo hospital para quem prestaram ajuda.
“Foram eles quem nos chamaram originalmente. Nós não ligamos para eles; eles nos ligaram. E concordamos em ir e não lhes cobramos um centavo. Todos os nossos serviços foram pagos pelo povo de Deus”, afirmou o filho do saudoso Billy Graham.
Antes de começar a atuar, o tesoureiro da Samaritan’s Purse, Ken Isaacs, vice-presidente da entidade, alertou sobre a possibilidade de que a situação se voltasse contra eles próprios: “O que nos preocupa ainda mais do que o dinheiro é a burocracia e a papelada”.
Amor de Deus
Mesmo com toda dificuldade imposta pelo governador, Franklin Graham está feliz por ter conseguido ajudar a salvar vidas. Após a alta hospitalar do último paciente, ele usou as redes sociais para compartilhar sua gratidão pela oportunidade: “Demos a eles assistência médica de nível mundial e mostramos a eles o amor e a compaixão de Deus. Queremos que cada um conheça a esperança que temos em Jesus Cristo”.
“Vamos retirar as tendas do hospital nos próximos dias, mas deixaremos alguns funcionários para ajudar em outro local dentro do sistema de saúde do hospital Mount Sinai. As pessoas desse hospital têm sido absolutamente ótimas para trabalhar, e agradecemos seu apoio e parceria nesse esforço para salvar vidas”, acrescentou.
Numa entrevista concedida ao portal FaithWire, Graham comentou as críticas feitas pela militância LGBT, já que a Samaritan’s Purse é uma entidade cristã comprometida com a doutrina bíblica conservadora: “Nós estávamos sendo pressionados pela comunidade gay por causa de nossa declaração de fé, e parte dessa declaração de fé é que uma pessoa tem que dizer que concorda com os princípios bíblicos de um casamento entre um homem e uma mulher”.
“Isso deixou a comunidade gay muito chateada. E a delegação do congresso do estado de Nova York escreveu ao governador querendo que ele investigasse por que estávamos no Central Park”, resumiu.
Corey Johnson, presidente do Conselho da cidade – uma espécie de Câmara Municipal -, exigiu que a entidade cristã deixasse a cidade por causa de suas visões bíblicas sobre a homossexualidade: “Está na hora da Samaritan’s Purse sair de Nova York. Esse grupo, liderado pelo notoriamente intolerante e irritante Franklin Graham, chegou em um momento em que nossa cidade não podia, em sã consciência, recusar qualquer oferta de ajuda. Esse tempo passou”, escreveu ele em sua conta no Twitter.
“A presença contínua deles aqui é uma afronta aos nossos valores de inclusão e é dolorosa para todos os nova-iorquinos que se preocupam profundamente com a comunidade LGBTQ”, insistiu, expondo seu radicalismo.
Por outro lado, o clero da cidade se manifestaram em apoio e elogio à entidade e seu time de profissionais e voluntários: “É com o coração agradecido que nós, líderes religiosos e espirituais da cidade de Nova York, somos eternamente gratos à Samaritan’s Purse por ter vindo à cidade de Nova York em um de nossos momentos mais desesperados de necessidade, a pandemia da COVID 19”, disseram os obreiros cristãos pertencentes a várias denominações e de todos os cinco distritos de Nova York, através de um comunicado.
Eles destacaram o “grande trabalho abnegado, não discriminatório e incansável da Samaritan’s Purse” para ajudar ao próximo na cidade e concluíram dizendo que seguem intercedendo a Deus pelo propósito da entidade: “Oramos pelas bênçãos contínuas de Deus sobre vocês por seu trabalho aqui na cidade de Nova York e no mundo”, disseram.