A onda conservadora que tem invadido o mundo também está surtindo efeito no Brasil. Para muitos, porém, essa não é uma simples tendência, mas sim a condição natural da absoluta maioria da população. No último dia 22 o IBOPE divulgou uma pesquisa que confirma esse fato, revelando que o brasileiro está cada vez mais conservador.
As informações foram divulgadas no blog de José Roberto de Toledo, no ESTADÃO. O IBOPE criou o “Índice de Conservadorismo do brasileiro“, baseado em cinco perguntas sobre temas polêmicos para população, são elas:
1) legalização do aborto,
2) casamento entre pessoas do mesmo sexo,
3) pena de morte,
4) prisão perpétua,
5) redução da maioridade penal.
Segundo Toledo, o levantamento da pesquisa mostrou que os conservadores aumentaram entre os habitantes “…de todas as faixas etárias e de renda, em ambos os sexos, em todas as religiões e em quase todas as regiões e níveis educacionais.”
Das cinco perguntas acima, os conservadores mais ortodoxos são contrários as perguntas números 1 e 2 e favoráveis as demais, constituindo um total de 54% das pessoas entrevistadas. Ou seja, a maioria dos brasileiros são contrários ao aborto e união de pessoas do mesmo sexo, ao passo que desejam aprovação da pena de morte, prisão perpétua e redução da maioridade penal.
O cenário inverte quando se trata dos liberais mais radicais, que são favoráveis as duas primeiras perguntas e contrários as demais.
O IBOPE criou uma escala para classificar o nível de conservadorismo ou liberalismo do brasileiro conforme as respostas das perguntas, constatando que houve crescimento do conservadorismo entre 2010 e 2016. Seis anos atrás esse índice era de 0,657, enquanto hoje é de 0,686, em porcentagem um aumento de 49% para 54%.
Citando a declaração de Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, José Toledo aponta um dos principais motivos por esse crescimento, como segue: “Observa-se um aumento do conservadorismo em função do maior apoio às medidas punitivas, seja em decorrência do aumento das taxas de violência no País, ou de um desejo de se acabar com a impunidade percebida”.
Ao que parece, portanto, o crescimento do conservadorismo no Brasil não se dá apenas em razão dos temas éticos/morais bastante relativizados nos últimos anos, mas em função do sentimento de impunidade e ineficácia da justiça perante a criminalidade, algo bem retratado, também, nos resultados da última eleição.