Uma pastora da Igreja Unida do Canadá que enfrentou uma audiência eclesiástica sem precedentes sobre sua apostasia e confissão de ateísmo não será excomungada da denominação, conforme se indicou que aconteceria no começo da polêmica.
A pastora Greta Vosper chegou a um acordo com a direção da Igreja Unida, pondo fim ao caso que ficou conhecido como “julgamento da heresia“. A decisão deixa a apóstata livre para continuar palestrando na congregação que dirige, em Toronto.
“Vai ser maravilhoso”, disse Vosper em entrevista na sexta-feira. “Vamos sair debaixo daquela nuvem pesada. Agora seremos capazes de realmente voar”, acrescentou a (ex) pastora, comentando o fim do processo interno, segundo informações do portal Sudbury.
O acordo, cujos termos são confidenciais, ocorreu durante o que deveria ser uma semana de rotinas preliminares antes da audiência completa no final do mês. A igreja não respondeu a um pedido de comentário na última sexta-feira, 09 de novembro, mas posteriormente disse em um comunicado que a audiência formal foi cancelada à luz do acordo.
O novo presidente da denominação, reverendo Richard Bott, que foi eleito em julho para liderar a Igreja Unida em Canadá, disse em uma mensagem pública que ele estava satisfeito com a resolução. Ao mesmo tempo, Bott reconheceu a controvérsia que girava em torno de Vosper e a iniciativa da igreja de demiti-la.
Em uma mensagem aos adeptos, Bott referenciou os valores centrais da igreja de fé em Deus e inclusão: “A dança entre esses valores centrais, como eles interagem e informam uns aos outros, é um que continuamos a explorar como seguidores de Jesus e filhos do Ciador”, disse ele. “Como igreja cristã, continuamos a esperar que os ministros da Igreja Unida do Canadá ofereçam sua liderança de acordo com nossas declarações de fé compartilhadas e acordadas”, acrescentou.
Vosper tem 60 anos, e foi ordenada ao ministério pastoral em 1993. Ela serviu como pastora na Igreja West Hill United desde 1997, tem sido sincera sobre o ateísmo e a não-crença na Bíblia desde 2013, quando revelou que desde o final dos anos 1990 havia se tornado ateia. Ela baniu Deus, Jesus Cristo, Espírito Santo e todos os seres espirituais mencionados na Bíblia de seus sermões, e passou a focar em mensagens generalistas de autoajuda.
“Não vejo qualquer evidência de que Deus exista, especialmente aquela figura benevolente que tem tudo sob seu controle”, disse ela na ocasião, acrescentando que Deus, a seu ver, é uma metáfora sobre as relações que estabelecemos com o mundo. “Com tantas coisas ruins à nossa volta, não posso aceitar o argumento de que qualquer acontecimento é parte da vontade de Deus”.