Uma igreja protagonizou uma polêmica que vem repercutindo em mídias cristãs internacionais, após decidir realizar uma “Cerimônia de Travessia” para uma fiel que resolveu se suicidar. Na prática, é o chamado “suicídio assistido”, também conhecido clinicamente como eutanásia.
O que chama atenção neste caso, porém, é que apesar da eutanásia ser aprovada em alguns países, a conivência de uma igreja quanto à prática parece algo inédito. Se trata da denominação Churchill Park United Church of Winnipeg, situada no Canadá, onde o suicídio assistido é reconhecido como uma prática legal desde 2016.
A Churchill Park aceitou um pedido feito pela idosa Betty Sanguin, de 86 anos, membro da igreja e portadora de Esclerose Lateral Amiotrófica, para a realização de um “culto” em alusão ao seu suicídio. Segundo a denominação, isto seria algo “perfeitamente natural”.
Ao comentar a decisão da igreja para o Christian Post, o reverendo Dawn Rolke associou o suicídio a uma morte natural, fazendo parecer que a decisão deliberada de retirar a própria vida seria parte de um desfecho da natureza, tal como alguém que morre, isto sim, naturalmente, em decorrência da velhice ou de um evento não escolhido.
“Para nós, foi perfeitamente natural realizar este culto para Betty em nosso santuário, porque a morte é uma parte natural da vida e Betty viveu boa parte de sua vida adulta nesta comunidade de fé”, afirmou Rolke.
Com o templo decorado com flores, Betty Sanguin ficou sentada enquanto recebia homenagens durante a cerimônia. Às 13h a idosa recebeu uma injeção letal, vindo a morrer uma hora de pois.
Reação
Após a repercussão do culto da morte feito pela Churchill Park, a Aliança Evangélica do Canadá reagiu, condenando a prática. Segundo a entidade, celebrar o fato de alguém querer se suicidar como uma prática supostamente natural, significa desvalorizar a vida dada por Deus, independentemente de quão difíceis sejam às circunstâncias.
“[O suicídio assistido] sugere que algumas vidas não valem a pena ser vividas. Mas toda a vida humana é preciosa, um dom de Deus. Não cabe a nós escolher o momento de nossa morte”, disse a organização.
A Aliança Evangélica explicou ainda que em casos como o da senhora Sanguin, a atitude correta da igreja é promover o acolhimento em todos os aspectos necessários, a fim de que a pessoa que passa pelo sofrimento se sinta cuidada e, principalmente, acompanhada dos irmãos em Cristo.
“Acreditamos que a resposta adequada ao sofrimento é abordar e aliviar o sofrimento, não eliminar aquele que sofre. Respondemos àqueles que sofrem com cuidado e compaixão, viajando com eles enquanto caminham na sombra da morte”, diz a organização.