A influência da ideologia de esquerda nas igrejas evangélicas vem crescendo entre os mais jovens ao longo dos últimos anos e o resultado disso é um distanciamento de parte desse público das igrejas.
Um teólogo entusiasta do movimento político de esquerda publicou um artigo em que aponta o zelo das igrejas evangélicas pela visão conservadora da teologia como razão desse afastamento dos jovens, que contrariados por não verem a interpretação bíblica se adequando às suas preferências políticas, abandonam as congregações.
Rodolfo Capler, teólogo e pesquisador, afirmou que na maioria das igrejas evangélicas as “perspectivas progressistas ou posicionamentos políticos à esquerda, são rechaçados, condenados e suprimidos”.
“Por essa razão, podemos estar diante de uma das maiores debandadas de jovens das igrejas evangélicas”, projetou, acrescentando que em suas pesquisas, constatou que “dentre as principais razões da fuga dos jovens de suas igrejas, figurava a falta de espaço para a expressão do pensamento contrário”.
O “pensamento contrário” citado pelo teólogo é a rejeição a doutrinas sobre sexualidade, casamento, aborto, drogas e outras questões em voga no movimento dito progressista, que em pequena escala é abraçado pelos chamados “cristãos de esquerda” e que têm nas figuras de pastores como Ed René Kivitz, Antonio Carlos Costa e Ariovaldo Ramos seus principais expoentes.
Em seguida, Capler expõe a conclusão de uma pesquisadora da Universidade de San Diego, que teorizou a partir de seus estudos que jovens “valorizam o diálogo de forma inegociável, constituindo a geração mais inclusiva de toda a história”.
Curiosamente, “diálogo” e “inegociável” representam premissas opostas, e a geração “mais inclusiva” não aceita se submeter a valores transcendentes e milenares, buscando impor visões nascidas há menos de meio século como princípios a uma comunidade que está alicerçada no Evangelho, uma mensagem essencialmente exclusiva.
Capler, em seguida, diz que “entre os mais novos é natural a identificação com as ideias progressistas, o que per se tem o potencial de gerar conflitos nos ambientes eclesiásticos mais conservadores”.
“Tenho encontrado cada vez mais jovens evangélicos apossados por profundas crises de fé em decorrência de suas concepções políticas. O estágio último dessas crises de fé experimentadas pelos mais jovens é o abandono de suas comunidades religiosas, o que em ambientes rígidos e autoritários se torna algo incontornável”, constatou.
Ao final do artigo publicado na coluna do jornalista Matheus Leitão, no site da revista Veja, o exercício proposto pelo teólogo entusiasta do movimento político de esquerda escorrega na tentação da adjetivação por rótulos, a tática de debate mais comum usada como defesa da ideologia que inspira regimes como o comunismo e o socialismo:
“Infelizmente, toda essa conjuntura de intolerância das igrejas evangélicas em relação às ideias progressistas tende a se intensificar nos próximos meses, o que causará mais egressões e provocará danos irreparáveis à imagem das igrejas perante os mais jovens”.