Um grupo de cinco homens mascarados invadiu a casa de um pastor na Índia e o arrastou para fora do imóvel à força para, em seguida, mata-lo a facadas. A Polícia investiga o caso e desconfia de comunistas extremistas, enquanto cristãos acusam nacionalistas hindus.
O pastor Yallam Shankar, 50 anos, foi assassinado a facadas. Ele deixou a esposa, dois filhos e netos. A informação sobre o crime foi relatada no último sábado, 19 de março, pela entidade International Christian Concern (ICC), que monitora a perseguição religiosa a cristãos em diversos lugares do mundo.
O crime, cometido na vila de Angampalli, situada no distrito Bijapur, estado de Chattisgar, vem sendo atribuído pelas autoridades a um grupo de maoístas, ou comunistas extremistas, que teriam suspeitado que o pastor fosse um informante da Polícia.
“De acordo com informações preliminares, um grupo de suspeitos de naxales armados entrou na casa do pastor local Yallam Shankar e o arrastou para fora. Eles o atacaram com armas afiadas, matando-o no local”, disse um funcionário, acrescentando que o grupo maoísta teria deixado uma nota manuscrita para reivindicar a autoria do crime.
Entretanto, um grupo local chamado Progressive Christian Alliance of Chhattisgarh, disse em um comunicado que os cristãos da vila de Angampalli receberam ameaças de morte por grupos nacionalistas hindus.
O grupo acrescentou que qualquer pessoa pode usar o nome de um grupo maoísta para enganar a investigação. O pastor Shankar, um ex-chefe da aldeia, era o pastor sênior da Igreja do Movimento Bastar for Christ, informou a ICC.
De acordo com informações do portal The Christian Post, a ICC definiu o pastor Shankar como uma figura influente e atuante na defesa dos cristãos contra os nacionalistas hindus radicais, um grupo que prega a extinção do cristianismo na Índia.
“Os cristãos nesta área têm enfrentado intensa oposição dos nacionalistas hindus radicais. Várias vezes o pastor Shankar defendeu os cristãos de nacionalistas hindus radicais, e essa pode ser a razão para essa forma extrema de perseguição ao assassinato”, relatou um cristão local à ICC.
Outros fiéis que vivem na vila disseram que dois dias antes do assassinato, nacionalistas hindus radicais ameaçaram o pastor, dizendo que o matariam se ele continuasse a pregar.
Radicalismo
A Missão Portas Abertas dos Estados Unidos também monitora a situação dos cristãos na Índia, que somam apenas 2,3% da população do país, contra cerca de 80% de hindus. A situação dos seguidores de Jesus piorou desde 2014, quando o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata assumiu o poder.
Para os cristãos da Índia, 2021 foi o “ano mais violento” da história do país, segundo um relatório do United Christian Forum (UCF), que registrou pelo menos 486 incidentes violentos de perseguição cristã no ano.
A UCF atribuiu a alta incidência de perseguição cristã à “impunidade”, devido à qual “tais turbas ameaçam criminalmente, agridem fisicamente as pessoas em oração, antes de entregá-las à Polícia sob alegações de conversões forçadas”.
A Polícia registrou queixas formais em apenas 34 dos 486 casos: “Os extremistas hindus acreditam que todos os indianos devem ser hindus e que o país deve se livrar do cristianismo e do islamismo”, explica uma comunicado da Portas Abertas.
“Eles usam violência extensiva para atingir esse objetivo, principalmente visando cristãos de origem hindu. Os cristãos são acusados de seguir uma ‘fé estrangeira’ e culpados pela má sorte em suas comunidades”, resume o documento.