Um pastor indiano foi preso, encarcerado, torturado e pressionado a deixar sua casa com sua família por serem cristãos na Índia, um país que vive um momento de altíssima intolerância religiosa devido a um movimento ultranacionalista.
Apesar da dor, tristeza, medo e custo emocional e físico, o pastor Shekhar (nome alterado por razões de segurança) afirmou que tem escolhido resistir a todas as hostilidades e se manter fiel: “Não posso parar de servir a Deus. Não posso viver sem Deus porque entreguei toda a minha vida a Ele”.
A afirmação é radical, já que a Índia se tornou um dos lugares mais difíceis do mundo para os cristãos viverem. Milhões de fiéis em todo o mundo, mesmo em países democráticos como a Índia, a oportunidade de adorar livremente é rara.
A entidade missionária Portas Abertas destacou que o artigo 25 da constituição da Índia promete liberdade de religião e consciência: “Mas, na verdade, minorias religiosas, incluindo cristãos, são alvos, oprimidos, atacados e até mortos”.
Diante disso, a Índia tornou-se um dos lugares mais perigosos do mundo para os cristãos, classificada como o 10° pior país na Lista Mundial de Perseguição elaborada pela Portas Abertas. Esse foi o terceiro ano consecutivo entre os dez piores, sendo que há apenas oito anos, estava classificada como o 28°.
“Sendo líder da igreja, encontramos pessoas que nos culpam pela conversão e nos acusam de atrair pessoas com dinheiro para converter”, explicou o pastor Shekhar.
“Dizem que agora somos cristãos e deixamos nossos deuses para começar a seguir deuses estrangeiros. Temos que enfrentar muitos desafios – nossos parentes dizem que não vão à nossa casa e que nossos filhos não vão se casar porque mudamos de religião”, acrescentou.
Agressões
Quando o pastor Shekar foi preso durante uma reunião de oração, policiais bateram em suas costas e pés com bastões de bambu, e deram-lhe um tapa tão forte na cabeça que seus tímpanos estouraram.
Eles o interrogaram, exigindo saber se ele estava pagando hindus para se converterem ao cristianismo, mas quando ele negou as acusações, eles o espancaram ainda mais: “Eu estava com dor intensa, inchaço, tristeza, medo e ansiedade depois disso”, lamentou.
“Fiquei assustado quando fui torturado, espancado e maltratado pelas pessoas, mas no meio disso, lembrei-me das promessas de Deus: Ele prometeu não nos deixar órfãos, mas nos guardará e nos sustentará”, testemunhou o pastor, que quando foi solto, reuniu sua família e fugiu da cidade na região Sul da Índia.
Outro caso de perseguição aguda é o de uma jovem cristã identificada pelo pseudônimo Mehr, que foi xingada e espancada por sua crença em Jesus, além de ter tido um tratamento médico negado por conta de sua fé.
“Suas palavras doeram momentaneamente, mas minha alegria inexplicável em Cristo superou toda a oposição. Os perseguidores não encontraram Cristo. Eu acreditei e orei para que eles experimentassem Jesus da mesma maneira que nós”, declarou a jovem.
Mehr e o pastor Shekhar são apenas alguns dos casos que mostram quão devastadora é a situação na Índia.
Dados do Pew Research Center, uma entidade que se dedica a estudar aspectos da liberdade religiosa ao redor do mundo, mostram que a maioria dos indianos (e hindus) dizem que são tolerantes com outras religiões, mas há uma minoria significativa de linha-dura que rejeita os cristãos como vizinhos ou mesmo como indianos.
Essa pesquisa indica que 64% dos hindus na pesquisa dizem que é importante ser praticamente da religião hindu para ser “verdadeiramente indiano”.
Em Mateus 5:11, Jesus disse: “Bem-aventurados sois quando vos injuriarem e perseguirem e proferirem falsamente todo tipo de mal contra vós por minha causa”.