Apelidado de “pastor lulista” pelo maior jornal do país, Ariovaldo Ramos está em plena militância contra o governo do presidente Bolsonaro, e usou as redes sociais para dizer que recebeu a incumbência divina de retirar o mandatário do cargo. A afirmação gerou manifestações de reprovação de seguidores do pastor no Twitter, e um comentário de um colega de ministério.
“Falei com Deus sobre o Bolsonaro na presidência, e Deus disse, pode tirar ele da presidência! Bora fazer a vontade de Deus!”, escreveu Ariovaldo Ramos na última terça-feira, 28 de julho.
Um dos seguidores de Ariovaldo no Twitter, o usuário Milton Junior comentou a publicação em tom de frustração: “Nota-se que não há mais temor do Senhor. Por cegueira ideológica, num só tuíte o sr. quebrou o 1º, 3º, 5º e 9º mandamentos, no mínimo. Usou o nome de Deus em vão, mentiu, desrespeitou à autoridade, tudo em nome do deus Estado. Lamentável”.
Outro internauta a reprovar a manifestação do pastor foi Thiago Kneipp: “Certa feita eu ouvi um homem de Deus que falava e nosso coração se enchia de alegria e temor a Deus, hoje só ouço mais um desses que pregam o bom e velho ‘evangeliquês’. Ariovaldo, uma dica irmão, ‘mais de Deus, menos de você’. (Ps. uma palavra que ouvi da sua boca)”.
“A sua bandeira passou ser mais à esquerda que Cristo nos últimos anos. Tenho saudades do Ari de alguns anos atrás. Que você volte a combater o bom combate. Foi Cristo que morreu por nós e não uma ideologia seja esquerda, direita ou centro”, escreveu Thiago Guedes, que recebeu de resposta do pastor uma provocação: “Eu orei, Deus respondeu. Se você não gosta, fale com Ele”.
“Ariovaldo e o deus Estado”
O pastor Renato Vargens usou sua página no Facebook para repercutir a declaração do colega de ministério, e fez ponderações a respeito da polarização que se formou em torno do debate público sobre política no Brasil.
“Antes de qualquer coisa é preciso deixar claro que eu discordo daqueles que quebram o terceiro mandamento usando o nome de Deus para eleger políticos. Discordo daqueles que fazem do presidente da república um tipo de Messias, salvador da pátria, coisa que ele não é. Discordo da beligerância sebastianista feita em favor do presidente, bem como da apologia defendida por alguns quanto a sua inerrância”, afirmou Vargens, indicando que sua discordância não se dá pela figura de Jair Bolsonaro, mas de princípios de fé.
“Apesar disso, é preciso afirmar que o que Ariovaldo Ramos fez e faz em nome do ‘deus Estado’ é assustador. Lamentavelmente para justificar sua ideologia, seu esquerdismo e marxismo, Ariovaldo tomou o nome do Deus da Bíblia em vão, advogando ter recebido a missão de tirar o presidente da República da sua função”, lamentou o pastor da Igreja Cristã da Aliança. “Para piorar a situação, o pastor supracitado, usa do messianismo que tanto combate, tomando para si a prerrogativa de profeta, cuja missão é derrubar um presidente eleito democraticamente, o que não coaduna com os valores de um Estado democrático de direito”, acrescentou.