Um novo relatório do governo do Reino Unido corroborou o que os vigilantes da perseguição alertaram há muito tempo: o Irã é um lugar amplamente perigoso para os cristãos convertidos e aqueles que adotam a fé bíblica.
O relatório observou que a grande maioria dos iranianos (99,6%) é muçulmana, com apenas 0,3% abraçando outras religiões, incluindo a fé cristã. Os cristãos iranianos são geralmente colocados em três categorias.
Os primeiros, cristãos étnicos, incluem armênios, assírios e caldeus, que tendem a ser ortodoxos ou católicos. Embora geralmente protegidos pelo Estado, os indivíduos desses grupos são considerados cidadãos de segunda classe.
O segundo grupo, cristãos não étnicos, são tipicamente pentecostais, presbiterianos e anglicanos que falam o idioma farsi.
O terceiro grupo, os cristãos convertidos, são os convertidos mais recentes do islamismo, geralmente adotando a fé bíblica depois de 2005 ou 2006. A maneira como o governo iraniano lida com esses três grupos não é equitativa, com os cristãos convertidos supostamente enfrentando mais restrições e abusos.
Considera-se que os cristãos “étnicos” não estão “em risco real de perseguição de danos graves por parte do Estado”. Isso é o mesmo para os cristãos “não-étnicos” que se converteram antes de 1979 e até 2005 e 2006, embora a situação seja diferente para os cristãos convertidos, de acordo com informações da Fox News.
“Em geral, uma pessoa que se converteu ao cristianismo e que procura praticar abertamente sua fé no Irã, provavelmente estará sujeita a tratamento ou discriminação por parte do Estado que seja suficientemente grave, por sua natureza ou repetição, à perseguição”, diz o documento do governo do Reino Unido.
É claro que os cristãos geralmente enfrentam mais restrições do que os de outros grupos, pois as igrejas e os cristãos são forçados a se registrar no governo e o proselitismo é impedido: “As igrejas são monitoradas por oficiais de segurança para garantir que os cristãos de origem muçulmana não compareçam e aqueles que não cumprem essas restrições foram fechados”, diz o relatório.
O relatório do Reino Unido baseia-se em outros dados documentados que mostram o tratamento horrível dedicado aos cristãos no Irã. A Lista Mundial de Perseguição, da ONG Portas Abertas, classifica a nação como o nono lugar mais hostil do mundo para os cristãos viverem.
“Os convertidos do islamismo ao cristianismo correm maior risco de perseguição, especialmente pelo governo e, em menor grau, pela sociedade e suas próprias famílias”, diz a Portas Abertas.
“O governo vê o crescimento da igreja no Irã como uma tentativa dos países ocidentais de minar o Islã e o regime islâmico do Irã. […] Grupos domésticos compostos por convertidos de origens muçulmanas são frequentemente invadidos, e seus líderes e membros são presos, processados e recebem longas sentenças de prisão por [supostos] ’crimes contra a segurança nacional’”, acrescenta a entidade missionária.
O último relatório do Reino Unido é apresentado ao público em um momento que os iranianos continuam protestando nas ruas há mais de um mês depois que uma mulher chamada Mahsa Amini, 22 anos, entrou em coma e morreu misteriosamente.
Presa pela chamada polícia da moralidade, ela foi acusada de não vestir adequadamente seu hijab, um véu islâmico, e morreu enquanto estava detida. Esse episódio provocou furor generalizado e raras manifestações públicas, resultando em análises que especulam se essas manifestações ameaçam o regime teocrático e autoritário, segundo informações do Faithwire.