A postura política conservadora dos cristãos evangélicos vem movimentando as pautas da imprensa europeia, que expressa certa indignação. Na última semana, o jornal britânico Financial Times publicou uma grande reportagem com o título: “Evangélicos do Brasil empurram a política para a direita”.
O bispo e senador Marcelo Crivella (PRB) foi usado como ilustração da matéria e apontado como o favorito para vencer as eleições para a prefeitura do Rio de Janeiro.
A menção ao bispo se deu, inclusive, por suas posturas em relação à homossexualidade: “Sua vitória iminente nas eleições de segundo turno no dia 30 de outubro reflete um emergente bloco evangélico que está conduzindo a política brasileira para a direita, dizem os analistas, e está prestes a se tornar mais poderoso e influente”, diz o texto do jornal.
A reportagem cita uma declaração do ativista gay e deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) sobre os evangélicos: “Não é suficiente para eles evangelizar – eles também querem influenciar a lei”.
O jornal ainda cita que a bancada evangelista tornou-se tão influente que desempenhou papel fundamental no impeachment de Dilma Rousseff em agosto e, na conta dos jornalistas britânicos, o bloco conta com 199 parlamentares.
Para o Financial Times, a ascensão política dos evangélicos é um espelho da mudança social que vem acontecendo no Brasil, que mesmo ainda sendo o maior reduto de católicos no mundo, agora tem aproximadamente ¼ da população de evangélicos.
Por outro lado, o jornal abriu espaço para um especialista que considera a campanha maciça da mídia contra o bispo Crivella uma demonstração de intolerância religiosa: “Acho que a propaganda contra Crivella é realmente muito tendenciosa. Por que um candidato com um fundo evangélico não pode governar no Brasil?”, questionou Marco Aurélio, da Fundação Getúlio Vargas no Rio.