O coordenador do AfroReggae, José Júnior, desafeto público do pastor Marcos Pereira, concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, afirmando que ainda existem outras pendências do líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) a serem investigadas pela Polícia.
Júnior contou que, ao saber da prisão de Marcos Pereira, sua “reação foi de orgulho e felicidade”, pois suas denúncias haviam sido apuradas: “Fiquei muito orgulhoso. Não de ter tomado a iniciativa de denunciar suas ligações com o crime, mas pelo trabalho realizado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Também pela coragem de dezenas de pessoas que procuraram os policiais para prestar depoimento, correndo riscos. Fiquei feliz”, afirmou.
Segundo ele, antes do atual inquérito, policiais teriam dito que “todas as investigações instauradas contra o Marcos Pereira eram arquivadas, não andavam” e que devido aos contatos do pastor com autoridades, os policiais “sofriam muitas pressões de pessoas poderosas quando tentavam confirmar denúncias de abuso ou da ligação dele com o tráfico”.
José Júnior disse ainda que apesar de preso, Marcos Pereira se mantém bem relacionado: “O Marcos Pereira tinha muito poder por suas relações políticas. Relações, aliás, que ele ainda tem, que ainda são mantidas. Laços com o poder, com outros líderes religiosos. Ou seja: o delegado Márcio Mendonça deve ter sofrido pressões, mas foi em frente. Levou as denúncias adiante. A Martha Rocha, num encontro que tivemos, garantiu que iria investigar as denúncias, chegando às últimas consequências. Prometeu e cumpriu. O MP também foi eficiente, corajoso. Então, eles merecem meus parabéns”, afirmou.
Questionado se teria recebido ameaças de morte de Marcos Pereira, José Júnior disse que sim e atacou o líder da ADUD: “Primeiro, eu gostaria de dizer que o Marcos Pereira não é pastor, não merece ser chamado de pastor pela imprensa. Ele não é nada. Ele se intitulava pastor, se autodenominava pastor. Chamá-lo de pastor é um grande desrespeito com os verdadeiros pastores, com os verdadeiros evangélicos, com as igrejas protestantes de um modo geral. Então, ele não pode continuar sendo chamado de pastor”, criticou, antes de concluir dizendo que “isso que apareceu até agora não é nada. Tem muito mais por trás do Marcos, e vai aparecer”.
José Júnior e a amizade com o traficante Elias Maluco
O coordenador do AfroReggae publicou em seu perfil no Twitter uma carta enviada a ele pelo traficante Elias Maluco, que foi condenado a 28 anos de prisão pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
Segundo Júnior, ele e Elias mantém uma amizade bastante próxima: “É meu amigo pra c… Gosto dele. E te digo mais: não foi ele quem matou o Tim”, afirmou, em entrevista à revista Alfa.
Na carta Elias Maluco pede ajuda para “servir de bom exemplo para os filhos”. Segundo Júnior, “Toda e qualquer pessoa que quiser mudar de vida pode e deve contar com o AfroReggae. Quero agradecê-los em colocar em destaque essa questão”, afirmou, referindo-se à enorme repercussão que a publicação alcançou nas redes sociais recentemente.
Confira a íntegra da carta de Elias Maluco a José Júnior:
Meu amigo Junior, espero que esta encontre você e todos os seus familiares e amigos com saúde e paz.
Comigo vai tudo bem, apesar da distância. Referente a carta que eu mandei pra você no endereço do Claudio foi porque eu não tinha o seu endereço. Hoje eu até tenho, mas só não sei o CEP?
Como eu tenho lhe falado na outra carta! Eu estou querendo seguir um caminho diferente do que vivo hoje. Só que a caminhada vai ser longa, mas no final, tudo vai dar certo.
Amigo, eu estou a fim de acabar de criar os meus filhos, acompanhar a vitória deles de perto, junto com minha esposa, que tem sofrido muito esse amor todos.
Tenho que ser um bom exemplo, são meus filho, para que eles possam se espelhar em mim.
Espero uma carta sua, pelo menos me dando uma força moral.
Termino esta, desejando tudo de bom pra você, e todos os amigos do grupo cultural AfroReggae.
Sem mais, seu amigo Elias.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+