A campanha de repúdio à vinda de Judith Butler ao Brasil, criadora da ideologia de gênero, superou a marca de 360 mil assinaturas em uma plataforma de petições públicas, e gerou um comunicado da ativista LGBT negando que vá conduzir uma palestra em São Paulo.
O pedido de cancelamento da palestra de Judith Butler foi aberto na plataforma de petições públicas chamada Citizen Go em 26 de outubro, e a mobilização da população conservadora mostra o quanto a rejeição às ideologias que buscam a relativização de valores morais já causou em termos de aborrecimento e indignação.
De acordo com o portal Sempre Família, em e-mail enviado à Citizen Go, Butler afirma que não haveria nenhuma palestra dela no SESC Pompeia, mesmo que o site da entidade mostre que a programação conta com uma apresentação dela na abertura do evento e sua participação no debate de encerramento.
Judith Butler também negou, em entrevista à BBC, que sua vinda ao Brasil tenha relação com a ideologia de gênero, já que o tema do seminário internacional “The Ends of Democracy” (“Os fins da democracia”) propõe uma discussão sobre até onde a sociedade pode ir nesse modelo de governo.
A ativista diz ainda que tratou do tema “gênero” há cerca de vinte anos, deixando nas entrelinhas que não estaria mais trabalhando com as questões ligadas à ideologia que criou. Porém, um vídeo de 2015 mostra que ela continua militando em torno desta questão. Na ocasião, ela criticou o fato de o Congresso brasileiro ter rejeitado a implantação da ideologia de gênero nas escolas do país.
Figura polêmica
Judith Butler é judia, doutora em filosofia pela Universidade Yale e professora de Retórica e Literatura Comparada da UC Berkeley, tida como a criadora da ideologia de gênero por ter elaborado a teoria Queer em livros como Gender Trouble (“Problemas de Gênero”) e Performative Acts and Gender Constitution (“Atos Performativos e Constituição de Gênero”, em tradução livre).
Quando fez sua primeira visita ao Brasil, Butler afirmou que os conservadores, que se opõem à sua ideologia, “não entendem que o que se defende é que a justiça social não vai ser construída sem o fim da discriminação de gênero”.
Homossexual, Butler afirmou que cristãos são “pessoas raivosas que não querem que o mundo mude, mas precisam aceitar que o mundo já mudou, independente do que elas acham”.