Um caso que causou indignação na comunidade cristã do Paquistão e também fora do país ganhou um novo capítulo, dessa vez ainda mais trágico, quando a Justiça local resolveu manter uma menina cristã que foi sequestrada para casamento forçado, em poder do sequestrador.
Maria Shahbaz, uma adolescente cristã de 14 anos, foi sequestrada em 28 de abril passado. Ela estava na rua quando um veículo parou ao seu lado e um homem chamado Mohamad Nakash lhe forçou a entrar no veículo juntamente com outros dois comparsas.
Para justificar o seu crime, o muçulmano alegou que a jovem cristã seria a sua esposa e já teria se convertido ao islamismo. Ao apresentar uma suposta certidão de casamento, contudo, a família da jovem e sua defesa questionaram a validade do documento, pois o clérigo que aparece como tendo assinado a certidão negou qualquer envolvimento na ação.
Com base nisso, em 30 de julho, a juíza Rana Masood, do Tribunal de Faisalabad, determinou que a adolescente cristã fosse retirada das mãos do muçulmano sequestrador e fosse levada para um abrido de mulheres, até que o caso fosse “melhor” julgado pela Suprema Corte de Lahore.
Entretanto, em 04 de agosto último, o Tribunal de Faisalabad decidiu que a jovem cristã fosse devolvida ao sequestrador, supostamente seu “marido”. A decisão foi tomada pelo juiz Raja Muhammad Shahid Abbasi, do Tribunal Superior de Lahore.
Khalil Tahir Sandu, advogado da família de Maria, disse que a decisão judicial foi tomada com base na legislação islâmica, o que favoreceu o sequestrador da adolescente.
“O que vimos hoje é um julgamento islâmico. Os argumentos que apresentamos eram muito fortes”, disse ele, segundo informações do Guiame.
“Os juízes continuam a declarar que os casamentos de menores são válidos, sob o pretexto da puberdade, segundo uma interpretação islâmica da lei”, disse a ativista Suneel Malik à organização International Christian Concern (ICC).
O sequestro de adolescentes para casamento forçado em países islâmicos é uma realidade que parece ser ignorada por boa parte do mundo, especialmente pela mídia tradicional, e jovens cristãs são alvos frequentes dos criminosos.