A emissora Record está sendo acusada de discriminação por supostamente demitir atores que não são membros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), denominação fundada pelo proprietário da empresa de comunicação, o bispo Edir Macedo.
A denúncia parte de uma ação movida por Paula Richard, autora de novelas como Jesus (2018-19) e O Rico e o Lázaro (2017). Ela alega que foi demitida pela emissora porque não se tornou membro da IURD, algo supostamente exigido pelos fundadores da igreja.
“Evidente que a autora nutre profundo respeito pela denominação religiosa dos donos da emissora em que laborou por tantos anos, mas esse respeito não foi recíproco”, afirma o documento encaminhado à Justiça, segundo informações do colunista Daniel Castro, do Notícias da TV.
Segundo Paula, atores como Emílio Boechat, Camillo Pelegrini, Joaquim Assis e Cristianne Fridman também teriam sido desligados da Record por não aceitarem fazer parte da IURD.
“Discriminação”
Na ação movida por Paula, a autora pede uma indenização de R$ 5,6 milhões, de acordo com a advogada do processo, por “inaceitável discriminação”. No centro da acusação está a filha de Edir Macedo, Cristiane Cardoso.
A suposta exigência de filiação dos atores à IURD teria partido de Cristiane, que passou a comandar a produção das novelas da Record em 2021, quando as insatisfações de parte do elenco teriam começado.
“A relação de trabalho da autora com membros da igreja, seja na produção ou com as colaboradoras que foram inseridas na sua equipe, sempre foi amena; entretanto, ao que tudo indica, a já mencionada senhora Cristiane Cardoso estava determinada a ter apenas membros da Igreja Universal escrevendo na Record TV –o que constitui, a toda evidência, inaceitável discriminação de cariz religioso”, diz a advogada de Paula.
“Hoje, somente a senhora Cristiane Cardoso e membros da referida igreja escrevem e atuam como roteiristas da Record”, diz a defensora.
Record nega
Em nota, a Record rechaçou as acusações, dizendo que tomará providências judiciais para lidar com o caso. A emissora também disse que não admite intolerância religiosa em seus quadros.
“A Record TV vem a público declarar que é contra qualquer tipo de intolerância, inclusive a religiosa. Portanto, o Grupo Record anuncia que tomará todas as providências judiciais necessárias com relação a acusação sofrida hoje”, diz o comunicado.
Influência nacional
A produção de novelas temáticas por parte da Record, nesse caso de caráter bíblico, parece fazer alusão ao desejo de corresponder à cultura majoritariamente cristã no Brasil, algo que tem sido um contraponto aos anos de influência exercida pelas produções da sua maior rival, a Rede Globo, já conhecida por criar conteúdos opostos aos valores cristãos.
Para entender melhor este assunto, veja abaixo:
Record TV planeja moldar a cultura no país com novelas de temática evangélica