Em plena campanha eleitoral, o posicionamento de lideranças cristãs em relação às pautas discutidas pelos candidatos a cargos políticos é uma forma de balizar a opinião pública. Entre esses nomes está o pastor Ed René Kivitz, que numa entrevista recente defendeu a obrigatoriedade de um cristão “ser de esquerda”.
Kivitz, que passou a ser alvo de críticas por defender a suposta necessidade de “atualização” da Bíblia, em termos de interpretação, quanto ao ensino sobre sexualidade, voltou a defender a sua visão, fazendo parecer que o texto bíblico não é claro ao ensinar que o único modelo familiar ensinado por Deus diz respeito ao casamento entre homem e mulher.
“Toda a questão moral envolvendo a comunidade LGBTs está envolta numa tradição religiosa cristã de dois mil anos que condena pessoas homoafetivas ao inferno. Por isso, nós precisamos de um entendimento atualizado do evangelho e de um acolhimento amoroso dessas pessoas”, declarou o pastor à Veja.
Cristão de esquerda
Tentando dissociar o pensamento de esquerda da sua essência totalitária, algo marcante em todos os regimes socialistas/comunistas que já existiram e ainda existem no mundo, o pastor Ed René Kivitz buscou destacar o que considera aspectos positivos do esquerdismo.
“Aborto é uma questão de saúde pública”, afirmou o pastor, ecoando o mesmo argumento dos defensores da prática, logo após argumentar que, por causa das questões morais atreladas a temas como esse, a esquerda teria sido demonizada por parte da maioria do cristãos.
“Agora, quando você trata a esquerda da perspectiva duma corrente ideológica que abarca o apoio dos direitos humanos, a busca duma sociedade mais igualitária, a promoção da justiça social – promovida não apenas pelas lógicas meritocráticas do Mercado, mas também pela atuação dos governos -, e o auxílio aos pobres, eu diria (nesse sentido) que não só é possível um cristão ser de esquerda, como é uma obrigação um cristão ser de esquerda”, conclui Kivitz.