O cantor e pastor Kleber Lucas falou sobre a circunstância em que foi filmado cantando e tocando uma música secular em um terreiro de candomblé e afirmou que o meio evangélico é formado por um discurso de ódio contra as religiões afro, e que a teologia cristã está eivada de racismo.
O conceito defendido por Kleber Lucas poderia, facilmente, ser atribuído a um militante de esquerda contemporâneo, como o caso do pastor Henrique Vieira, colaborador da Mídia Ninja e defensor da ideia de um “Jesus negro“.
“A atitude de alguns líderes de outra confessionalidade no sentido solidário é a melhor resposta a esse ambiente de ódio e intolerância que está varrendo nosso país num momento que precisamos estar mais unidos”, disse Kleber Lucas, reforçando o discurso generalista de que o Brasil é racista, mesmo que a população seja resultado de uma miscigenação de povos e etnias.
De acordo com Kleber Lucas, as críticas feitas a ele por tocar e cantar em um terreiro de candomblé são injustas e exageradas: “Estão me ferindo muito e me fazendo repensar minha caminhada. O que posso afirmar com toda certeza é que essas pessoas não entenderam a mensagem do Cristo. Nós ainda estamos falando de tolerância quando deveríamos falar de respeito”.
O pastor, que lidera a Igreja Batista Soul, relatou recentemente que sofreu com o racismo ao longo de sua vida e ministério, e na entrevista ao portal Curta Mais, reiterou o relato adicionando que o fato de ter se casado três vezes também gera preconceito contra ele no meio evangélico.
“Preciso afirmar, como pastor negro e que já sofreu preconceito por ser preto e recasado diversas vezes, que o preconceito contra as religiões de matizes africanas são as que mais sofrem. O Cristo que veio da Europa e dos Estados Unidos pelos missionários era branco. A religião europeia e americana eram as únicas que religavam. Do lado dos pretos, índios e outros, só os perdidos. A teologia que veio para o Brasil em sua grande maioria é racista e de segregação”, acusou.
Kleber Lucas afirmou, também, que recebeu apoio dos membros de sua igreja por ter participado do evento ecumênico: “Domingo quando eu cheguei no culto da Soul, a igreja toda ficou de pé, aplaudiu e disse que eu não fui lá sozinho, que estão todos comigo. A melhor parte é saber que a Igreja Batista Soul não está sozinha nessa mensagem da grande irmandade e que podemos sim fazer um Brasil melhor. Tem muita gente do bem”, afirmou.
“Tenho grandes amigos verdadeiros de outras confissões e até amigos que não acreditam em Deus e, eventualmente, são dessas pessoas que me chegam as melhores respostas, orações, gestos solidários”, prosseguiu.
Nesse contexto, deixou aberta interpretações diversas a respeito de seu pensamento sobre o caminho para chegar a Deus: “Infelizmente algumas pessoas ainda pensam que Deus é uma exclusividade delas, eu não acredito nisso. Eu acredito numa fé que comunica com outras confessionalidades. Eu prego isso, eu vivo isso, eu estou pela justiça […] Precisamos aprender que cada ser humano é um, que o Pai é nosso, e que o Pai tem muitos filhos, diferentes, com pecados diferentes e que não podemos julgar nosso irmão por seu pecado ser diferente do meu. A diferença é o que mais nos aproxima da Trindade, que é a família de Deus. Podemos dialogar com todos”.