O presidente da Polônia, Andrzej Duda, acusou a militância LGBT de promover um ponto de vista mais prejudicial que o comunismo e disse que concorda com alas do movimento conservador no país que afirmam que “LGBT não é [sobre] gente, é uma ideologia”.
Duda fez seus comentários na pequena cidade de Brzeg, no sudoeste do país, durante um comício por sua reeleição. A Polônia é uma nação predominantemente católica que passou mais de quatro décadas sob governos comunistas.
A pauta LGBT está emergindo como um tema de campanha chave nas eleições presidenciais à medida que a corrida se aproxima entre Duda, apoiado pelo partido conservador nacionalista, e o prefeito da capital Varsóvia, Rafal Trzaskowski, de visão liberal.
Duda, que tem 48 anos, disse a seus apoiadores que a geração de seus pais não lutou para rejeitar o comunismo apenas para agora engolir “uma ideologia” que ele considera “mais destrutiva para o ser humano”.
De acordo com o portal APNews, o presidente disse que durante a era comunista da Polônia, os regimes garantiam sua sobrevivência doutrinando a geração mais jovem: “Isso foi bolchevismo. Foi a ideologização das crianças […] Hoje também existem tentativas de empurrar uma ideologia para nós e nossos filhos, mas diferentes. É totalmente novo, mas também é neo-bolchevismo”, disparou o candidato à reeleição no último sábado, 20 de junho.
No início da semana passada, Andrzej Duda assinou uma declaração com o objetivo de ajudar as famílias, incluindo ações para “proteger as crianças da ideologia LGBT” através da proibição do uso de propaganda da “ideologia LGBT em instituições públicas”.
Muitos políticos conservadores na Polônia dizem que não são contra gays e lésbicas como indivíduos, mas insistem que se opõem aos objetivos da militância, argumentando que são absorvidas de movimentos exteriores que visam a erotização precoce.
Do outro lado, os militantes LGBT do país, assim como adeptos do liberalismo, alegam que o governo vem adotando uma linguagem de desumanização. Eles acreditam que Duda e outros têm como alvo os homossexuais para agradar a Igreja Católica, que enfrenta acusações de encobrir abusos sexuais de padres e apoiar manifestações políticas fora do período de campanha.
A eleição está marcada para 28 de junho, com um segundo turno previsto com os dois mais votados, caso nenhum dos candidatos alcance 50% dos votos. Ao todo, são 10 candidatos na disputa, mas as pesquisas prevêem um segundo turno entre Duda e Trzaskowski.
Nas últimas semanas, vários políticos conservadores importantes da Polônia falaram sobre a “ideologia LGBT”. O vice-chefe do partido do governo, Joachim Brudzinski, escreveu quinta-feira no Twitter que “a Polônia sem LGBT é mais bonita”. A publicação incluía uma imagem de Jesus e ovos em um ninho. “Uma família de pássaros ‘realizando o plano de Deus'”, disse ele.
Outro legislador conservador foi expulso no meio de uma entrevista à emissora privada TVN por dizer “LGBT não é gente, é uma ideologia”. Em resposta ao incidente, Andrzej Duda disse no comício que ele concordava com a declaração: “Eles estão tentando nos convencer de que são pessoas, mas isso é uma ideologia”, disse o candidato, sob aplausos.