O protagonismo do pastor Silas Malafaia nas eleições deste ano está sendo ainda maior do que o alcançado em 2010, quando conseguiu, junto a outros líderes, exigir que a legislação do aborto fosse mantida intocada.
Porém, em 2014, com sua postura nítida contra o casamento gay e a influência atribuída a ele pela mídia na mudança do programa de governo de Marina Silva (PSB) – a quem ele declara voto no segundo turno –, o tem colocado sob holofotes ainda mais fortes.
As opiniões de Malafaia irritam os ativistas gays e dá indícios de que incomodam a grande mídia. Numa entrevista ao portal Uol, o jornalista não escondeu sua discordância do pastor quando o assunto foram as reivindicações da militância LGBT.
James Cimino questionou Silas Malafaia sobre o motivo de ser contra o casamento gay: “Por que impedir que quem pense diferente viva diferente tendo os mesmos direitos, já que o senhor exalta tanto a liberdade de expressão?”.
A resposta foi no habitual tom do pastor: “Cada um viva o que quiser e dê o nome que quiser! Casamento para nós é o sacramento entre o homem e a mulher! Isso é conversa para boi dormir e eu não sou boi! Ora, eu não tenho que te convencer de porcaria nenhuma! Você como jornalista está errado! Você está perguntando para defender uma causa! Eu não tenho que te convencer de coisíssima nenhuma!”, disparou.
Numa segundo entrevista, ao jornal Folha de S. Paulo, o pastor disse que os ativistas gays se infiltraram na campanha de Marina Silva, e que na verdade, ela não mudou seu programa de governo, mas sim, corrigiu uma sabotagem.
“Os caras armaram um cavalo de Tróia pra Marina. Esse é o jogo, dizer que Marina é conduzida por pastores. Mas ela tem vôo próprio. Eu tenho muitas divergências com Marina. Não se pode querer que todos ajam e pensem como você. Ninguém consegue impor tudo que quer, e isso que acho que tá faltando para o movimento gay. Nenhum segmento da sociedade impõe tudo que quer. Certo? Pra nós casamento é macho e fêmea”, repetiu.
Malafaia criticado
Os pastores Ricardo Gondim, da igreja Betesda, e Egon Kopereck, presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, criticaram a forma de se expressar de Silas Malafaia e minimizaram o tamanho da influência que ele tem entre os evangélicos
Gondim, que anunciou ter rompido com o movimento evangélico e publicou um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”, afirmou que Malafaia não influencia tanto quanto se diz na mídia.
“Ele não tem toda essa força que alardeia. O Edir Macedo tem bem mais cacife político. Já elegeu ministro e agora pode até eleger um governador, o bispo Crivella, no Rio de Janeiro. Além disso, se ele [Malafaia] tivesse tanta influência a ponto de mudar as eleições, seu candidato não teria apenas 1% das intenções de voto”, afirmou Gondim.
Já o pastor Kopereck disse que, apesar de Malafaia dizer o que boa parte dos líderes evangélicos gostariam de dizer, a forma como ele se expressa soa radical e resulta numa imagem negativa de todo o povo evangélico: “Não é assim que se implanta a fé cristã. Gostaria que o país todo fosse cristão, mas uma coisa é querer. Não posso voltar às Cruzadas e obrigar as pessoas a seguirem uma religião”, pontuou.
Sobre as críticas, Malafaia desdenhou: “Esses caras aí falam isso de mim porque têm dor de cotovelo e porque tomam o maior sarrafo da minha teoria teológica. Só um idiota babaca pra falar o que essas caras falaram. Nunca falei que sou melhor que os outros. Não me dou essa importância”, finalizou.