A repercussão da participação de Silas Malafaia no programa Na Moral, na última quinta-feira, 23 de abril, continua, e o pastor foi definido por um jornalista e escritor como “a cara” do Brasil.
No programa, Malafaia contrapôs as bandeiras do ativismo gay, rebatendo a pecha de homofobia atribuída aos evangélicos e defendendo seus pontos de vista a respeito da questão e seu impacto na sociedade.
Para Dodô Azevedo, colunista do G1, o pensamento do pastor Malafaia é o pensamento da maioria dos cidadãos brasileiros.
“Houve uma época que a cara do brasileiro era o papagaio Zé Carioca, noutra o Grande Otelo Macunaíma, noutra o jogador de futebol de drible fácil, noutra a Gisele Bündchen. Hoje, a cara do brasileiro, de seu povo e cultura contemporânea, é a cara do pastor inflamado no programa de Pedro Bial; líder de uma na verdade maioria, respaldado pelo povo nas esquinas e nas ruas”, escreveu Azevedo.
Para o colunista, há a necessidade dos brasileiros de fazer uma leitura correta do atual quadro social. No entanto, em seu texto, Azevedo não foge do lugar comum da maioria dos formadores de opinião e classifica, de forma indireta, as pessoas de pensamento conservador como intolerantes.
“Todo mundo cai nessa: a verdadeira maioria conservadora achando que é uma minoria, e nós, a verdadeira minoria tolerante crente que estamos abafando porque há beijo gay na TV. Enquanto continuarmos nos enganando, achando que o Brasil é o país do sujeito liberado e tolerante, de sorriso fácil e simpatia invencível, a reversão a este movimento conservador não começa. Hoje, é fundamental nos assumirmos (eu penso diferente do pastor) como minoria. Isso significa assumir os procedimentos mais incisivos de luta adotados por minorias. Resistência”, pregou Azevedo.
Citando a nova formação do Congresso Nacional, eleita em 2014 e descrita como a “mais conservadora da história” por diversos analistas políticos, Azevedo dá a entender que a “maioria endurecida” está conquistando espaço porque os “tolerantes” não agem de forma mais incisiva.
“Por enquanto, vivemos nós, esta minoria, um tanto na soberba, um tanto alienados em nossas ilhas tolerantes, ignorando todo este continente conservador. Por ignorarmos, deixamos este continente crescer e multiplicar-se biblicamente. Há algo obscuro que precisa encontrar resistência. Penso que, infelizmente, só vai cair a ficha de nossa minoria quando sofrermos uma autocracia religiosa completa: com um líder religioso na Presidência da República”, opinou.