Terminada a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro, com a vitória do bispo e senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), o pastor Silas Malafaia deixou de lado o papel de cabo eleitoral e prometeu criticar o prefeito eleito caso ele transforme a administração municipal em uma extensão da Igreja Universal do Reino de Deus.
“Se lotear a prefeitura com a Igreja Universal, vai apanhar muito. E eu vou ser o primeiro a bater”, afirmou Malafaia, que entende que o bispo precisa provar que os prognósticos de seus adversários estavam errados.
O pastor fez uma análise contemporizadora, afirmando que Crivella poderá nomear, para seu gabinete, quem ele bem entender, incluindo membros e/ou sacerdotes da Igreja Universal. Porém, para secretarias municipais e demais cargos, é importante que haja isonomia.
“É preciso que haja representantes do restante da sociedade. É a oportunidade que ele [Crivella] tem para se desvencilhar de vez da pecha de ser da Universal”, disse Malafaia, de acordo com informações da revista Época. O pastor frisou que não fará indicações ao novo prefeito.
Profissionais
O ex-governador Anthony Garotinho, conselheiro pessoal de Crivella e um dos principais apoiadores de suas duas últimas candidaturas, afirmou que não se deve subestimar o bispo e senador, pois tal aposta poderá ser malfadada.
Garotinho afirmou à BBC Brasil que Crivella fará no Rio de Janeiro um “governo conservador e de direita”, com foco em alcançar a simpatia de setores não-religiosos da sociedade. “Eu não subestimaria o governo do Crivella. Quem subestimou as atitudes do bispo Macedo se deu mal”, alertou, citando o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e proprietário da TV Record, que é tio do prefeito eleito.
“Eles são extremamente profissionais. O bispo [Edir Macedo] botou sua igreja em mais de 100 países. Tem mais seguidores fora do Brasil do que dentro. Vendia bilhetes (de loteria) e hoje tem a segunda maior rede de televisão do país. Tem 100 emissoras de rádio. Disse que ia construir uma réplica do Templo de Salomão e agora vai fazer mais três. Na prefeitura, não deve ser diferente e quem espera amadorismo vai se decepcionar”, acrescentou.