A indicação do pastor Marco Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) provocou um rebuliço político e social, com manifestações contrárias e de apoio, e um tumulto causado por manifestantes, suspendeu a sessão em que o nome do deputado seria votado para o cargo.
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), adiou para hoje, 07 de março, a definição a respeito de Feliciano, segundo informações do G1. A estratégia de partidos como o Psol e PT é esvaziar a sessão para que não sejam registrados o mínimo de votos necessários para a eleição.
Alves porém, criticou o tumulto estimulado pelos deputados: “Os parlamentares que forem contrários podem se ausentar ou votar contra, mas não realizar o que foi realizado. A democracia exige ordem. É uma indicação que tem que ser respeitada. Assim, nós faremos amanhã [quinta], às 9h, reunião para eleger o presidente da comissão”, definiu.
Toda a polêmica em torno de Marco Feliciano se dá por declarações dele contra o casamento gay e por afirmar que, segundo a Bíblia, existe uma maldição sobre o continente africano desde os tempos de Noé.
O maior adversário político de Feliciano, deputado e ativista gay Jean Wyllys (Psol-RJ) afirmou que caso o pastor seja confirmado como presidente da CDHM, ele deixará a comissão e passará a tratar das questões relativas ao movimento homossexual na Comissão de Educação, que é presidida por Gabriel Chalita (PMDB-SP), conhecido por ser católico fervoroso.
“Não quero servir de trampolim para um discurso conservador”, disse Jean Wyllys, criticando mais uma vez a postura de Marco Feliciano. Um companheiro de partido do ex-participante do Big Brother Brasil, deputado Chico Alencar (Psol-RJ), ironizou a indicação de Marco Feliciano e sugeriu a mudança do nome da comissão.
“Vamos nos mobilizar para fazer deixar de existir a Comissão de Direitos Humanos e criar a Comissão de Fundamentalismo Religioso, de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Caso esse nome seja confirmado pela maioria dos membros da comissão, não teremos mais nada a fazer, aí deixaremos a ‘ex-comissão’ de Direitos Humanos e buscaremos outros fóruns”, disse Chico Alencar, segundo informações do Ig.
O PT também deu fortes indícios de que mobilizaria seus parlamentares para evitar a efetivação de Marco Feliciano como presidente da CDHM: “Nós tentamos de tudo para que o PSC indicasse uma pessoa que tivesse compromissos democráticos e com direitos humanos, mesmo que tivesse posições diferenciadas. Se fosse assim, nós colaboraríamos. Agora, ao indicar uma pessoa que, publicamente, declarou preconceito e discriminação contra minorias ou maiorias, nós não vamos apoiar uma pessoa dessas”, disse o deputado Nilmário Miranda.
O pastor relevou as questões contra ele colocadas de forma pessoal pelos demais parlamentares: “É natural que esse grupo que se levantou contra mim se manifestasse, após alguns posicionamentos que eu tenho”, disse Feliciano, que ressaltou a pluralidade de temas que a CDHM precisa debater, como as questões indígenas, por exemplo.
As redes sociais foram usadas de maneira maciça para criticar a indicação de Feliciano, e um vídeo com imagens de um culto foi usado como forma de criticar o deputado indiretamente. O jornal O Globo deu vazão à informação, dizendo que Marco Feliciano pede doações durante um culto de maneira pouco comum. No vídeo, o pastor diz: “É a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar e vai falar que Deus é ruim”.
O deputado André Moura (PSC-SE), líder do partido, afirmou que não recuará na indicação do pastor: “Está mantida a candidatura do deputado Marco Feliciano. É uma decisão da bancada, do partido. Ele é de nossa inteira confiança. Ele está sendo julgado de forma antecipada. O fato de ele defender determinadas bandeiras não significa que ele, como presidente da comissão, vá trabalhar de forma tendenciosa”, argumentou.
A definição em torno da efetivação de Marco Feliciano como presidente da CDHM deverá ocorrer hoje, durante a reunião que será realizada entre os parlamentares que integram a comissão.
Confira no vídeo abaixo, resposta de Marco Feliciano às acusações feitas contra ele:
Por Tiago Chagas, para o Gospel+