A pré-candidata à presidência da República Marina Silva (Rede) negou que tenha assinado uma carta de compromisso com militantes LGBT e que sua campanha está avaliando sugestões enviadas por diversos setores da sociedade para elaborar um programa de governo. Mas, a nota de sua assessoria privou-se de apontar o jornal do Grupo Globo como origem da fake news.
A informação sobre a assinatura do compromisso com a Aliança Nacional LGBTI foi publicada inicialmente pelo portal do jornal O Globo, na coluna comandada por Lauro Jardim, experiente jornalista dedicado aos bastidores da política nacional.
Em nota enviada à revista Piauí, a assessoria de imprensa de Marina Silva nega que o compromisso com a Aliança Nacional LGBTI tenha sido firmado: “Estamos em fase inicial de elaboração do programa de governo da pré-candidatura de Marina Silva, que será composto por diversos seminários temáticos e regionais, uma plataforma na internet e uma série de reuniões com especialistas”, introduz a nota.
“Temos recebido inúmeras contribuições da academia, centros de pesquisa, entidades de classe, organizações não-governamentais, movimentos sociais e dos mais diversos setores e segmentos da sociedade civil brasileira. Todas as contribuições estão sendo encaminhadas para apreciação da coordenação do programa de governo, procedimento igualmente tomado com o documento recebido da Aliança Nacional LGBTI durante a 73ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP)”, acrescenta o comunicado.
A negativa enfatiza que Marina Silva não assinou nenhum documento dentre todos os recebidos, incluindo o enviado pela militância LGBT. A Piauí, no entanto, publicou a matéria sob a perspectiva da repercussão, acusando páginas cristãs no Facebook de repercutirem fake news, mas omitiu a fonte original do boato: o jornal O Globo.
Na matéria do jornal, a “informação” de que a pré-candidata evangélica havia se comprometido com a militância LGBT dava o compromisso como fato consumado: “Marina Silva assinou hoje, no Rio de Janeiro, uma carta em que se compromete a assegurar direitos para os LGBTIs em seu programa de governo. A carta foi entregue à ela por Eliseu Neto e Jobson Carmargo, integrantes da Aliança Nacional LGBTI, organização que elaborou o documento”, escreveu o jornalista Athos Moura, colaborador de Lauro Jardim.
Repercussão
Com a recepção negativa no meio evangélico, a assessoria de imprensa de Marina Silva se posicionou, tardiamente, através de nota enviada a um veículo notoriamente de esquerda, também omitindo a origem do boato, uma vez que o jornal O Globo é um dos principais do país.
A nota enviada à Piauí, via WhatsApp, garante que Marina Silva segue analisando todos os pedidos e sugestões para seu programa de governo: “De todos os documentos que já recebemos, inclusive esse [entregue pelo movimento LGBT], não houve nenhuma assinatura. O programa de governo da pré-candidatura de Marina Silva ainda está em fase de elaboração”.
Fake News
O Facebook declarou guerra a páginas conservadoras logo após o constrangimento público a que foi submetido seu fundador e CEO Mark Zuckerberg, durante uma audiência pública realizada no Senado dos EUA para investigar o mau uso dos dados dos usuários da plataforma.
Na ocasião, diante da pressão imposta a Zuckerberg pelo senador cristão e conservador Ted Cruz (R), o empresário admitiu que sua rede social estava censurando páginas conservadoras e cristãs. O desconforto em admitir essa postura foi tão intenso que o fundador do Facebook atribuiu responsabilidade à tendência de orientação política dos profissionais que atuam na área de tecnologia no Vale do Silício.
Agora, o Facebook anunciou um programa de checagem da veracidade das notícias que circulam nas páginas da rede social, contratando agências especializadas independentes para o serviço. No entanto, o jornalista Rodrigo Constantino, do portal Gazeta do Povo, apontou que a imparcialidade das empresas contratadas fica só no papel, já que todas as selecionadas, no Brasil, têm viés progressista, o que ameaça a liberdade de expressão.
Assim que foi anunciada, a parceria do Facebook com as agências “checadoras de fatos” foi bastante comentada, segundo Constantino. O jornalista pontuou que o anúncio “gerou forte reação nas redes sociais, de todos aqueles que defendem a verdadeira liberdade de expressão e percebem o risco por trás desse discurso”.
“Especialmente à direita, a resposta foi firme, e produziu uma união em torno de um objetivo muito maior do que qualquer eventual desavença interna: garantir o espaço recém-conquistado para levar ao público uma voz alternativa, mais liberal ou conservadora”, acrescentou.
A imparcialidade das empresas não resiste a uma avaliação mais firme, segundo o artigo “Quem vigia o vigia?“, de Constantino: “A credibilidade dos ‘censores’ não é das melhores. Afinal, basta uma rápida busca em seus perfis para ficar claro que são quase todos de esquerda, ‘progressistas’, como a linha geral adotada pela rede social que se vende como ‘plataforma neutra’, mas que claramente tem lado ideológico”, apontou.
“Eis como funciona, na prática, o ciclo de censura à direita: O Facebook implementa regras propositalmente vagas sobre ‘censura a conteúdo’; a empresa contrata preferencialmente pessoas de extrema esquerda ou faz parcerias com essas organizações; os ‘jornalistas’ fazem textos contínuos denunciando as ‘fake news’ ou ‘crimes de ódio’ que, segundo eles, teriam sido cometidos por direitistas; o Facebook utiliza esse material como pretexto para censura”, explicou o jornalista da Gazeta do Povo.
Em todo esse cenário de censura orquestrada e travestida de boa ação, o debate sobre ideias e ideais fica prejudicado, e a mídia alternativa – com portais cristãos inclusos – é massacrada pelos gigantes de tecnologia como Facebook e Google, que terminam agindo na proteção da grande mídia, como o jornal O Globo, personagem central e impune de uma fake news em ano eleitoral.