A candidata Marina Silva (Rede) selou o acordo com o Partido Verde para ter como vice em sua chapa Eduardo Jorge, que em 2014 foi candidato à presidência da República. Jorge é um defensor da legalização do aborto, da maconha, união de pessoas do mesmo sexo e da adoção de crianças por homossexuais.
A aliança da dupla de orientação ideológica de esquerda foi anunciada na última quinta-feira, 02 de agosto. Marina Silva, no entanto, fará o lançamento oficial da candidatura ao lado de Jorge neste sábado, 04 de agosto.
Marina Silva já foi candidata à presidência pelo PV em 2010, e na ocasião alcançou pouco mais de 20 milhões de votos, ficando em terceiro lugar. A parceria, agora, ajudou a candidata evangélica a esticar seu tempo de TV. A Rede Sustentabilidade garantiu, porém, que a aliança não envolveu negociações de cargos em caso de vitória na eleição.
Valores
Eduardo Jorge, que é médico e já foi deputado federal, é a favor do aborto. Segundo ele, a legislação que impede a interrupção da gravidez é “machista”.
Em 2014, numa entrevista concedida ao jornal O Globo, o então candidato a presidente argumentou: “Deixar de considerar criminosas entre 700 e 800 mil mulheres que fazem aborto por ano é acabar com uma lei medieval em pleno século 21. É uma coisa inacreditável que o Brasil tenha uma lei machista e cruel como essa para punir mulheres que, por algum motivo, se submetem ao risco de procedimentos clandestinos”, disse Eduardo Jorge.
Além disso, o programa de governo de Eduardo Jorge em 2014 defendia ainda a “imediata legalização” da maconha visando o combate ao tráfico de drogas, e explicitava sua posição de apoio à união homoafetiva, criminalização da “homofobia” e incentivo à adoção de crianças por homossexuais.
“A presença de um defensor da legalização do aborto na chapa de Marina repercutiu mal entre o eleitorado evangélico”, destacou o jornal Folha de S. Paulo, apontando que a maioria dos fiéis adota postura conservadora em todos os temas que Jorge, agora vice de Marina, prega.
“Todo mundo sabe o que eu penso. Minhas posições são claras. Estão no meu programa de governo de 2014 [quando disputou a presidência da República]”, disse Eduardo Jorge na última quinta-feira. “É uma coligação em que ela [Marina Silva] é a cabeça de chapa. Nesses pontos em que há divergências, a gente respeita as posições da candidata”, acrescentou.
A afirmação de Eduardo Jorge reforça a postura de Marina Silva, que pretende criar um plebiscito para debater a legalização do aborto. O argumento da candidata é que 513 deputados não teriam representatividade para manter a legislação como está ou alterá-la: “Por que alguém vai querer que, se 57% são contra, só 513 decidam?”, afirmou ela, fazendo referência à pesquisa Datafolha que mostrou que seis em cada dez brasileiros é contra o aborto.