A ex-senadora Marina Silva (PSB), terceira colocada nas eleições presidenciais de 2014 e 2010, afirmou que é contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) com base no que se tem de informações até agora.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marina disse que é preciso provar a responsabilidade de Dilma nos crimes que vêm sendo investigados, caso contrário, a questão do impeachment não deveria nem ser considerada, pois não se pode trocar de presidente apenas por discordar de quem está no cargo.
“Não podemos, em hipótese alguma, colocar em xeque o investimento que fizemos na democracia. Você não troca de presidente por discordar dele ou por não estar satisfeito. Se há materialidade dos fatos, não há por que tergiversar. Se não há, o caminho doloroso de respeito à democracia tem que prevalecer”, disse Marina, que vem trabalhando para fundar seu próprio partido, o Rede Sustentabilidade.
O jornalista Reinaldo Azevedo comentou a entrevista da ex-senadora e criticou a postura adotada por ela, pois tudo que vem sendo feito até agora por quem investiga o petrolão e o repasse de propinas para o PT na campanha eleitoral de 2014 segue o que a legislação brasileira determina.
“Pela ordem: 1: quem está tentando trocar de presidente ‘só por discordar dela’?; 2: quem está disposto a pôr em xeque o investimento na democracia?; 3: os que pedem a saída de Dilma o fazem apontando ‘a materialidade dos fatos’. Marina Silva já leu a Lei 1.079? E que papo é esse de ‘caminho doloroso da democracia’? Doloroso, minha senhora, é abrir mão das faculdades que a democracia oferece — entre elas, o impeachment”, criticou Azevedo, em seu blog no site da revista Veja.
Ao final, Azevedo ironiza a postura adotada por Marina e seu histórico político: “Dilma deveria demitir Aloizio Mercadante e levar Marina para a [chefia do ministério da] Casa Civil. Ela saiu do PT, mas o PT obviamente não saiu dela”.