A forte convicção religiosa de um médico cristão que costuma pregar para seus pacientes vinha sendo motivo de um longo imbróglio com o Conselho de Medicina, que desde 2011 ameaçava cassar sua licença profissional, o que o impediria de atuar.
Entretanto, uma decisão recente resultou em vitória do doutor e agora seu caso inspira milhões de pessoas ao redor do mundo, além de servir de precedente legal.
Richard Scott, 59 anos, sofre com o assédio do General Medical Council (GMC) – equivalente ao Conselho Federal de Medicina no Brasil – da Inglaterra por sempre informar aos pacientes que Jesus era um dos remédios necessários para seus problemas.
Em 2011, quando foi denunciado pela primeira vez, o paciente era um adolescente, e o médico informou a ele que ele precisava de Jesus. No ano seguinte, o GMC decidiu que ele deveria se submeter a uma avaliação psicológica por conta de uma segunda denúncia, feita pela mãe de uma paciente por quem Richard Scott havia orado.
O médico cristão, que não abriu mão de seu direito de anunciar Jesus Cristo, foi ameaçado de processo novamente em 2019, quando o grupo Sociedade Nacional Secular (NSS) procurou o GMC novamente para denunciar a atuação de Scott.
“Eles não gostam de mim. Bem, para ser honesto eu não gosto deles, mas eu não estou atirando para que eles percam. Eles pensam que eu sou irresponsável e perigoso e eu diria o mesmo sobre eles. O NSS está obviamente atirando contra mim — e gostariam que eu perdesse meu emprego porque eles não gostam de mim”, disse na ocasião da terceira denúncia, em junho deste ano.
Agora, o GMC ouviu as acusações e a defesa do médico cristão, e decidiu que ele deve manter sua licença profissional. Em uma carta, o órgão regulador da profissão no Reino Unido, afirmou que “não havia nenhum relato em primeira mão de queixa de nenhum paciente sobre a prática do Dr. Scott”.
“O NSS enviou um relato anônimo de boatos sobre como o Dr. Scott expressou suas crenças religiosas a um paciente ‘altamente vulnerável’. Não há evidências convincentes de que o Dr. Scott imponha suas crenças religiosas pessoais a pacientes potencialmente vulneráveis”, dizia um trecho do documento.
De acordo com informações do portal Christian Headlines, “não há evidências de que [o Dr. Scott] discuta a fé em situações em que o paciente declarou que não deseja discutir esses assuntos” ou que “ele continuou a discutir a fé depois que um paciente indicou que ele não aceitava tal discussão”.
A defesa do médico cristão teve suporte do grupo Christian Legal Center, dirigido pela advogada Andrea Williams, Richard Scott afirmou que o NSS “estava alvejando não apenas a mim”, mas “também a liberdade de profissionais cristãos em todo o Reino Unido de compartilhar sua fé no local de trabalho”.
“O preço que eu e minha família pagamos, como resultado de uma queixa espúria, era totalmente desnecessário. No entanto, espero que esse resultado signifique que outros praticantes cristãos não terão que passar por experiências semelhantes”, acrescentou o médico.
Andrea Williams aprovou a postura do GMC: “O resultado deste caso não apenas garante aos médicos e profissionais cristãos em todo o Reino Unido que eles podem compartilhar sua fé no local de trabalho, mas também orientações claras sobre como eles podem compartilhá-la sem medo de perder o emprego”, finalizou.