Um médico cristão que perdeu o emprego por se recusar a usar pronomes transgêneros terá seu recurso ouvido por um tribunal no Reino Unido nesta semana para contestar uma decisão que considerou que as crenças bíblicas sobre ideologia de gênero são irrelevantes.
O caso se arrasta desde 2018, quando o médico David Mackereth foi demitido de seu emprego por afirmar que não aceitaria chamar por “senhora” alguém como “um barbudo de 1,80m”.
Quando o caso chegou à Justiça do Reino Unido, o juiz responsável por julgar o processo foi contra o médico, dizendo que as crenças bíblicas a respeito do tema são “incompatíveis com a dignidade humana” e não “dignas de respeito em um sociedade democrática”.
À época, o doutor Mackereth trabalhava no Departamento de Trabalho e Pensões. Agora, ele conseguiu um recurso e comparecerá ao Employment Appeal Tribunal em Londres nesta terça, 29 de março, e também amanhã, quarta-feira.
“Meu caso afeta a todos, não apenas eu e os cristãos que acreditam na Bíblia, mas qualquer um que esteja preocupado com o discurso forçado e a ideologia transgênero sendo imposta ao NHS e outros serviços públicos”, disse Mackereth em comunicado emitido em conjunto com o Centro Jurídico Cristão, que o defende no caso.
“O julgamento de dois anos atrás disse aos cristãos ‘vocês têm que acreditar na ideologia transgênero’. Isso é totalitarismo. Isso fez com que o cristianismo não fosse nada, a Bíblia não fosse nada. Isso não pode ficar de pé”, protestou o médico.
De acordo com informações do portal The Christian Post, o recurso do médico cristão será ouvido cerca de uma semana após o primeiro-ministro britânico Boris Johnson dizer aos membros do Parlamento que “quando se trata de distinguir entre um homem e uma mulher, os fatos básicos da biologia permanecem extremamente importantes”.
Na audiência de dois dias, os advogados devem citar precedentes jurídicos, como a vitória da pesquisadora Maya Forstater no tribunal em junho passado, que afirmou no Twitter em 2019 que “homens não podem se transformar em mulheres”, foi processada e venceu no recurso.
Os advogados do médico cristão argumentarão que a decisão de Forstater resolveu a “questão central da lei” levantada no caso de Mackereth e que a “conclusão de que a religião cristã em si não era uma característica protegida simplesmente não pode estar certa”.
O julgamento do médico, em outubro de 2019, teria sido decidido de maneira desequilibrada, aponta o Centro Jurídico Cristão, argumentando que o juiz trabalhista “colocou efetivamente os ‘direitos dos transgêneros’ à frente da liberdade de consciência”.
O grupo jurídico exorta que a consequência da decisão é que ela “autorizou os empregadores a obrigar os cristãos a usar os pronomes preferidos pelos clientes que acreditam na fluidez de gênero”.
“Acredita-se ser a primeira vez na história da lei inglesa que um juiz decidiu que cidadãos livres devem se engajar em discursos forçados”, acrescentaram os advogados do médico cristão.