Enquanto o mundo olha angustiado o sofrimento dos refugiados que tentam escapar da guerra na Ucrânia, há pessoas que fingem ser “pastores” para se aproveitar do caos humanitário, a fim de raptar crianças dos seus pais. É isso o que tem testemunhado a missionária Natasha Boom, da organização cristã Orphan’s Promise.
“Ouvimos relatos no terreno esta semana sobre traficantes fingindo ser pastores e aparecendo com micro-ônibus e ônibus”, disse Natasha à rede americana CBN News, que faz a cobertura do conflito na região com ênfase na ação cristã.
Natasha explicou que o grande número de refugiados tem favorecido a ação do tráfico humano na Ucrânia, uma vez que isso dificulta absurdamente a identificação dos traficantes na multidão de pessoas. O fato da maioria das crianças estar apenas com as mães também é outro agravante.
Os homens ucranianos foram convocados para a guerra contra os russos, de modo que os seus filhos ficaram mais vulneráveis com suas mães. Natasha disse, por exemplo, que uma mulher chegou a amarrar as suas crianças em seu corpo, numa tentativa desesperada de não perdê-las de vista.
“Esta mãe tinha uma corda amarrada na cintura com quatro meninas enroladas, provavelmente com menos de cinco anos, porque há risco de traficantes e ela não queria dormir com seus filhos lá”, disse ela.
Os agentes de segurança ucranianos reconhecem a dificuldade de combater o tráfico de crianças nessa situação. “Alguns dos guardas de fronteira disseram: ‘Há traficantes aqui, mas como sabemos? Existem milhares de pessoas’”, contou a missionária.
O tráfico humano é um dos mais movimentados e macabros do planeta, junto com o de armas e drogas. Pessoas traficadas, como crianças, normalmente são usadas para a exploração sexual, trabalho forçado ou extração de órgãos.
Natasha pede aos cristãos que orem pelos refugiados ucranianos, a fim de que Deus ofereça proteção não apenas contra os ataques militares, mas também contra os traficantes que estão usando o momento de desespero para agir nas sombras do caos humanitário.
“Foi inacreditável. Tentei me preparar, mas não há nada que possa prepará-lo para ver tantas crianças tão traumatizadas”, disse ela. “Esse é um dos meus maiores pedidos de oração, que esse mal possa ser exposto pelo que é, que as crianças sejam poupadas”.