Um médico cristão perdeu seu emprego em um departamento do governo depois que ele se recusou a se referir a “um homem barbudo de um metro e oitenta” como “madame”. Em resposta, agora ele está processando o governo.
David Mackereth, 56 anos, alega que foi demitido como assessor de benefícios por deficiência pelo Departamento de Trabalho e Pensões (DWP, na sigla em inglês) por causa de suas crenças religiosas. Pai de quatro filhos, o médico alega que antes de ser demitido, foi abordado por seu superior sobre o tema.
“Se você tem um homem de seis pés de altura com barba que diz que quer ser tratado como ‘ela’ e ‘sra’, você faria isso?”, questionou o superior do Dr. David Mackereth, que atua como evangelista em sua congregação.
No processo, Mackereth afirma que seu contrato foi rescindido por causa de sua recusa em usar pronomes transgêneros. “Não por causa de qualquer preocupação realista sobre os direitos e sensibilidades dos indivíduos transgêneros, mas por causa da minha recusa em fazer uma promessa ideológica abstrata”, enfatizou.
De acordo com informações do jornal The Telegraph, o médico está agora processando o governo em um tribunal de trabalho por discriminação com base em sua crença religiosa.
Uma audiência em Birmingham foi realizada e o Dr. Mackereth declarou que acredita que o transgenerismo é uma “crença ilusória” e uma ideologia “que não acredito e detesto”.
Em uma declaração admitida como evidência, ele disse ao tribunal: “Se você acredita na fluidez de gênero, o gênero não é mais do que a própria fantasia sobre si mesmo”.
O médico cristão que tem 30 anos de experiência profissional, conseguiu um emprego como Assessor de Saúde e Incapacidade no centro de avaliação da Fiveways em Birmingham, em maio de 2018.
Ele disse ao tribunal que estava suspenso no mês seguinte depois de ter sido “interrogado” por seu chefe, James Owen, por se recusar a “chamar qualquer homem barbudo de um metro e oitenta de altura de ‘senhora’ por capricho”. Mackereth alega que seu chefe disse a ele que era “extremamente provável” que ele perderia o emprego a menos que concordasse.
Dr. Mackereth deixou seu cargo em 25 de junho de 2018, depois de uma troca de e-mail com o James Owen em que ele foi instruído a seguir o “processo como discutido em seu treinamento”. O e-mail dizia: “Se, no entanto, você não quiser fazer isso, respeitaremos sua decisão e seu direito de deixar seu contrato”.
Em resposta, Mackereth disse na ocasião: “Eu sou um cristão e em boa consciência não posso fazer o que o DWP está exigindo de mim”. No processo, o médico diz que não renunciou ao cargo e está sendo vítima de discriminação direta e assédio. “O simples fato de um médico poder ser chamado para um interrogatório urgente sobre suas crenças sobre fluidez de gênero é absurdo e muito sinistro, ainda mais se resultar em demissão”, afirmou ele durante a audiência.
“Se algo assim acontecesse em uma igreja – pessoas sendo puxadas de um banco, questionadas e depois excomungadas – isso seria visto como um exemplo ultrajante de intolerância religiosa e fanatismo”, comparou.
O DWP argumenta que os pontos de vista de David Mackereth estão em violação da Lei da Igualdade de 2010. APM, a empresa de recrutamento que contratou o médico, também está sendo processada por discriminação religiosa, e em resposta, afirmou que as crenças do médico “não são compatíveis com a dignidade humana”.
Em uma declaração apresentada ao tribunal, o Dr. Mackereth disse: “Eu aprecio que no clima político atual, algumas pessoas, incluindo algumas das que acreditam que são transexuais, podem achar minhas crenças ofensivas. Entretanto, em uma sociedade livre, isso não é uma razão boa o suficiente para censurar minhas crenças e me coagir a agir de forma contrária à minha consciência”.
“Além disso, como médico, minha responsabilidade é sempre agir em boa consciência no melhor interesse dos pacientes – não adotar várias fantasias, preconceitos ou delírios, para evitar ofensas a todo custo”, acrescentou o médico.
Ele afirmou ainda que sua crença inerente é que o transgenerismo é uma “rebelião contra Deus, que é tanto sem sentido quanto pecaminosa”.
“Eu estou, é claro, ciente de que há homens ou mulheres que acreditam ter sido presos em um corpo errado, e eu não questiono a sinceridade de suas convicções. Um pequeno número dessas pessoas sempre existiu. Até recentemente, tal crença era considerada pelos médicos como delirante e um sintoma de um distúrbio médico. Apenas recentemente o transgenerismo foi reconhecido como normal e tais crenças delirantes aceitas pelo seu valor nominal. O que é responsável por essa mudança é a pressão política, e não a evidência científica”, argumentou.
O caso está sendo acompanhado pelo instituto de defesa da liberdade religiosa Christian Legal Centre. A executiva-chefe Andrea Williams descreveu o Dr. David Mackereth como “um herói cristão que escolheu sacrificar sua distinta carreira profissional em vez de comprometer a Bíblia e sua consciência”.