A constante perseguição religiosa de islâmicos contra cristãos resultou numa inversão de valores e a criação de uma milícia na República Centro-Africana, que sitiou um grupo de muçulmanos em Carnot.
De acordo com a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, uma paróquia que serve de abrigo para os muçulmanos foi sitiada pela milícia, formada por cristãos. O grupo armado ameaça matar os muçulmanos da região, pois o país vive uma guerra civil.
Em dezembro, grupos não-muçulmanos se juntaram em milícias e tomaram o poder, derrubando os integrantes da coalizão islâmica Seleka, que governava o país há nove meses depois de um golpe que depôs o presidente François Bozizé, que professa a fé cristã.
O contra-ataque dos cristãos se tornou violento, com ameaça de morte a todos os muçulmanos. O padre que protege os adeptos do islamismo também está ameaçado de morte.
A milícia tem invadido casas de muçulmanos para revistá-los e apreender armas e outros materiais. Nessas invasões, sete pessoas foram mortas somente na última semana, e outras três ficaram feridas.
Considerado um dos países mais pobres do mundo, a República Centro-Africana tem 4,6 milhões de habitantes. Destes, 15% são muçulmanos, contra 50% de cristãos e o restante pertencentes a outros grupos religiosos. A nação se tornou alvo do Tribunal Penal Internacional, que alerta para uma iminente “limpeza étnica” promovida por cristãos contra os muçulmanos.
A presidente interina do país, Catherine Samba-Panza, declarou guerra contra os milicianos: “Eles pensam que por eu ser mulher sou fraca. Mas agora as anti-balaka que querem matar vão elas próprias ser caçadas. As milícias perderam a noção de missão e tornaram-se naquelas que matam, que pilham e que são violentas”, disse a mandatária, que foi empossada pelo Conselho Nacional de Transição do país no último mês de janeiro.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+