Leis que condenam qualquer pessoa por “blasfêmia” contra o islamismo, existente em países como o Paquistão, são largamente utilizadas para perseguir, oprimir e condenar os seguidores de outras religiões, especialmente os cristãos.
Um caso ocorrido na semana passada no bairro de Farooq-e-Azam, localizado na cidade de Karachi, no Paquistão, exemplifica com perfeição essa realidade.
Cerca de 200 famílias cristãs foram atacadas, sendo obrigada a fugir do local, após uma muçulmana acusar falsamente quatro irmãs cristãs de blasfêmia contra o islamismo, segundo informações da organização International Christian Concern (ICC)
Entenda o caso
Samina Riaz, a muçulmana, morava de aluguel na propriedade de Amjad Dildar. Ele, no entanto, pediu a devolução do imóvel, porque Raiz estaria “causando problemas entre as famílias cristãs da comunidade”.
Revoltada com o fato, Raiz acusou três filhas de Dildar e mais uma amiga da família de blasfemar contra o islã. Segundo ela, as cristãs teriam pego uma cópia do Alcorão (livro sagrado para os muçulmanos) e mergulhado em água suja.
Às cristãs são Sunaina Amjad, de 22 anos, Sophia Amjad, de 18 anos, Soneha Amjad, de 14 anos, e Sophia Qamar, de 30 anos.
Após espalhar a notícia, a comunidade muçulmana ficou revoltada com o fato e os mais extremistas se reuniram para atacar propriedades cristãs. Várias casas foram apedrejadas, animais de estimação e para consumo foram mortos.
Reviravolta
Depois de uma investigação policial, no entanto, descobriram que Riaz forjou todo o esquema para acusar os cristãos. Ela mesma pegou uma cópia do Alcorão e o mergulhou na água suja. Ela e seu marido foram presos em seguida.
“Os pensamentos e orações da ICC vão para as quatro mulheres cristãs que foram falsamente acusadas e para a comunidade cristã de Farooq-e-Azam”, disse William Stark, gerente regional da ICC.
Finalmente, William explica que é necessário abolir leis sobre “blasfêmia” em países como o Paquistão, porque elas se transformaram em ferramenta de opressão contra os cristãos, usadas de forma autoritária.
“Com muita frequência, essas leis têm sido uma ferramenta nas mãos de extremistas que buscam incitar a violência por motivos religiosos contra as comunidades minoritárias”, disse ele.
“Sem uma reforma real, as minorias religiosas, incluindo os cristãos, enfrentarão mais falsas acusações de blasfêmia e a extrema violência que frequentemente acompanha essas acusações”, conclui, segundo o Christian Post.