Acusações de islamofobia disfarçada levaram a Netflix a cancelar a série Messiah. A empresa produziu apenas uma temporada do programa, criado por um casal de produtores cristãos.
Polêmica entre evangélicos, a série dos mesmos produtores da elogiada produção A Bíblia, mostrava uma agente da CIA interpretada por Michelle Monaghan investigando uma misteriosa figura messiânica conhecida como Al-Masih, que atraiu seguidores internacionais.
O nome Al-Masih significa Messias em árabe, o que motivou a criação de uma petição na plataforma Change.org pedindo boicote à série. O jornal The Guardian explicou que, na escatologia islâmica, Al-Masih ad-Dajjal é uma figura maligna comparável ao anticristo, cujo nome se traduz em “o falso messias, mentiroso, enganador”.
Dois dias antes da série estrear na Netflix, a Royal Film Commission da Jordânia solicitou que o drama não fosse exibido no país de maioria muçulmana, mesmo que essa comissão tenha concedido autorização para que parte das filmagens fossem feitas no país com abatimento de impostos.
À época, um porta-voz da empresa tentou minimizar o episódio afirmando que a série era “uma obra de ficção” generalista: “Não é baseado em nenhum personagem, figura ou religião. Todos os programas da Netflix apresentam classificações e informações para ajudar os assinantes a tomarem suas próprias decisões sobre o que é certo para eles e suas famílias”.
Na série, Al-Masih atrai muitos seguidores depois de afirmar ter sido enviado à Terra por um poder divino.
O The Guardian pontuou, no entanto, que, embora as “alegações de insensibilidade religiosa possam ter contribuído para o cancelamento da série, também foi sugerido que a pandemia de coronavírus em curso dificultou muito a coordenação das agendas internacionais de filmagem – o que pode ser o principal fator na decisão do serviço de streaming de não renovar”.
Robert Spencer, diretor da organização Jihad Watch, comentou as queixas de que Messiah tinha “sentimento subtexual anti-islâmico” e afirmou que isso significa que “você não notará, a menos que seja um autoritário de esquerda ou muçulmano paranóico que queira usar as reivindicações de vitimização para obter total controle sobre o discurso público”.
Ao final, questionou: “A Netflix cancelaria uma série por acusações de ‘sentimento anticristão subtextual’?”