Equipes da Polícia encontraram uma mulher trans morta a tiros depois que ela baleou e matou seu irmão gêmeo e seu namorado, um homem trans. O cenário do crime indica que após o duplo assassinato, ela cometeu suicídio.
O incidente aconteceu na madrugada do último domingo, 08 de maio, por volta das 3h30 em um condomínio de apartamentos na cidade de Independence Township, estado de Michigan (EUA).
O Gabinete do Xerife do Condado de Oakland disse que ligou para o apartamento por causa de um relato de tiros sendo disparados, mas não houve resposta. Quando os policiais chegaram, encontraram duas vítimas mortas a tiros: Ray Muscat, um “homem trans” de 26 anos, e Bishop Taverner, de 22 anos.
Muscat nasceu como mulher e seu nome de batismo era Amber. Após se identificar como homem, passou a usar o nome social de Ray. Ele tinha um relacionamento com Ruby Taverner, que nasceu homem, era chamado Martin e fez a transição para ser identificado como mulher.
A emissora de notícias local WDIV-TV colheu o depoimento dos vizinhos, que disseram ter ouvido um grande número de disparos vindos do apartamento. Quando acionaram a Polícia, eles disseram que a mulher trans estava armada e era uma pessoa que oferecia perigo.
Quando a Polícia encontrou os corpos de Muscat e do irmão gêmeo de Ruby, passaram a fazer buscas no terreno ao fundo do condomínio e encontraram a mulher trans morta com um tiro auto-inflingido.
Os investigadores disseram que Ruby Taverner tinha três revólveres registrados e que um havia sido comprado pouco antes do crime, de acordo com informações do The Blaze.
Aqui uma reportagem local sobre o crime:
Saúde Mental
A polícia já havia ido ao apartamento para várias verificações de saúde mental e bem-estar antes do tiroteio letal, devido às queixas realizadas pelos vizinhos.
O xerife Michael Bouchard disse que o irmão gêmeo de Ruby foi baleado uma vez na cabeça, indicando que houve premeditação envolvida em seu assassinato. Já a investigação sobre a motivação dos assassinatos está em andamento:
“Esta trágica situação agora foi encerrada, e nossos investigadores agora se concentrarão para ver se podemos responder à pergunta na mente de todos – por quê”, disse o xerife Michael Bouchard.
A saúde mental de pessoas que experimentam uma mudança de sexo, seja com cirurgias de remoção de genitália e/ou seios, ou tratamento hormonal, sofre abalos, disse Helena Kerschner, uma mulher biológica que passou anos de sua vida vivendo como um “homem trans”.
Ano passado, durante o evento Q 2021 Culture Summit, uma iniciativa do Center for Faith, Sexuality, and Gender (“centro para fé, sexualidade e gênero”, na tradução livre), Helena compartilhou sua história de vida e lamentou que a saúde mental de pessoas como ela seja menosprezada pelo ativismo LGBTQIA+.
Ela enfatizou durante seu depoimento que a sociedade deve tratar pessoas que sofrem de disforia de gênero “da mesma forma que trataríamos qualquer outro jovem que está lutando com problemas de saúde mental” ao invés de permitir ou incentiva-los a alterarem seus corpos permanentemente.
Helena acumula uma experiência intensa a respeito do assunto. Ela afirmou que quando era criança “não havia indicação” de que ela lutaria contra a disforia de gênero. Ao completar 15 anos, ela se tornou “realmente envolvida nesta comunidade online onde tudo era sobre justiça social […e] gênero o tempo todo”.
“Havia essas maneiras hierárquicas de olhar para as pessoas, como se fosse ruim ser cis [gênero], não trans, hétero, garota branca, e isso é o que eu era. Eu era uma garota hétero e branca, e achava que isso era muito ruim no momento estar nessas comunidades”, acrescentou.
Embora ela tenha feito a transição com a terapia de reposição hormonal desde os 18 anos, Helena se submeteu a uma transição sem efeitos prolongados: “Acho que nunca teria pensado em me ver como um menino sem os aspectos sociais, especialmente se eu não tivesse aderido a essas comunidades online especificamente porque não havia nada na época, realmente na minha escola ou na minha comunidade, que estava me influenciando. Estava tudo online”, ponderou.
Helena disse saber que sua história seja singular, mas pontuou que tomar decisões sobre jovens sofrendo de disforia de gênero seja “irreal” e “impróprio”, pois o resultado final é um “prejuízo permanente” ao corpo: “A maneira como meu cérebro funciona agora que tenho 22 anos é completamente diferente do que era quando eu tinha 18, e ainda tenho mais coisas para crescer […] Eu acho que é muito importante proteger os jovens, proteger as crianças”, finalizou.