Um pregador de rua que foi multado por distribuir folhetos evangelísticos ao ar livre durante o lockdown obteve uma importante vitória na Justiça, reafirmando a importância da liberdade religiosa.
O evangelista Joshua Sutcliffe, 31 anos, pregava no bairro de Camden, norte de Londres, na sexta-feira santa de abril de 2020, quando policiais o abordaram para saber o motivo de ele não se submeter ao lockdown.
Na ocasião, Joshua explicou aos policiais que era pastor e ministro de louvor, funções que haviam recebido permissão das autoridades para circular durante o lockdown, incluindo realizar o evangelismo ao ar livre sem necessidade de pedido prévio.
Os policiais, entretanto, ignoraram sua justificativa e o multaram em £ 60 (equivalente a R$ 435 no câmbio atual), segundo informações do Premier Christian News.
“Eu tinha um microfone, um alto-falante e uma mensagem do Evangelho dizendo que você pode ser salvo pela fé em Cristo, se afastar do mundo e se voltar para Cristo. Muitas pessoas estavam ouvindo e distribuímos folhetos para o público também. Era apenas um evangelismo geral, mas era Sexta-Feira Santa, então havia um peso a mais para o que estávamos fazendo”, explicou.
Em sua decisão de recorrer à Justiça, Joshua Sutcliffe reconheceu que o momento que marcou o início do confinamento por conta da pandemia era delicado, mas sublinhou que agiu dentro de seus direitos, seguindo as diretrizes das autoridades de Saúde da Inglaterra.
“Fui enviado por uma igreja para pregar o Evangelho e estava desempenhando esse papel. Senti que eles estavam mirando os cristãos. Não estávamos causando mal. Estávamos apenas apontando para Cristo e falando sobre Cristo”, comentou o evangelista.
A vitória
A contestação da multa foi feita no Tribunal de Magistrados da Cidade de Londres no início deste mês. Ele declarou ao tribunal que, no caminho para casa após ser multado, deu seus sapatos a um sem-teto, o que não seria possível se ele estivesse pregando online, como foi sugerido.
O evangelista venceu o recurso, e o magistrado comentou, ao proferir a sentença, que Joshua não cometeu nenhuma infração: “Consideramos o réu inocente de todas as acusações. Descobrimos que o réu estava ao ar livre e que tinha um pretexto razoável, pois estava viajando para seu local de trabalho, como líder de louvor”.
O Christian Legal Centre acompanhou o caso de perto e, apesar da vitória judicial, alertou para os contornos autoritários que levaram à disputa na Justiça: “Estamos satisfeitos que o tribunal absolveu Joshua, mas estamos preocupados que ele tenha chegado até aqui. Estamos vendo muitas inconsistências da polícia e do judiciário nesses casos”, disse Andrea Williams, diretora da entidade.
Ela ainda acrescentou: “Os cristãos têm sido alvos fáceis para a polícia durante a pandemia, enquanto outros grupos reunidos em números significativos têm sido favorecidos pela polícia”.