O governo socialista de Evo Morales na Bolívia chegou ao fim após uma crise sem precedentes causada pela suspeita de fraude generalizada nas eleições do país. O líder de esquerda havia sido reeleito, mas órgãos internacionais não reconheceram o resultado.
Um dos principais opositores a Evo Morales, Luis Fernando Camacho, conduziu uma multidão durante um protesto que marchou rumo ao palácio sede do governo, na Praça Murillo em La Paz. Com uma Bíblia Sagrada em mãos, ele entregou um manifesto popular ao então presidente, pedindo sua renúncia.
“Não vou com armas, vou com minha fé e minha esperança; com uma Bíblia na minha mão direita e sua carta de renúncia na minha mão esquerda”, disse o político, de perfil conservador, em um grande comício na segunda-feira passada, na cidade de Santa Cruz.
Quando conseguiu entregar o manifesto pedindo a renúncia de Morales, Camacho celebrou nas redes sociais: “A carta e a Bíblia já estão no palácio. Com Deus à frente, cumprimos nossa promessa. Viva a Bolívia livre e democrática!”, escreveu o político católico na legenda da foto em que aparece ao lado de outras duas lideranças, sendo uma delas, Carlos Mesa, segundo colocado nas eleições fraudadas.
“Obrigado, Bolívia … Em unidade, em paz e com nossa fé em Deus, recuperaremos a democracia”, acrescentou, afirmando que devolver a Bíblia à sede do governo é um gesto simbólico para mudar os rumos adotados por Morales.
Como o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, e as principais autoridades do Senado e Câmara renunciaram junto com o presidente – que estava no poder desde 2006 -, novas eleições serão convocadas. A Constituição do país determina que “em um prazo máximo de 90 dias” um novo pleito seja realizado.
A presidente interina, Jeanine Añez (vice-presidente do Senado), acredita que até o dia 22 de janeiro de 2020 a eleição seja realizada, segundo informações do portal G1.
Evangélicos
Em janeiro de 2018, Evo Morales aprovou o Novo Código do Sistema Criminal da Bolívia e o texto instaurava a perseguição religiosa estatal no país. Na ocasião, protestos maciços organizados por igrejas evangélicas pediam o fim da intervenção do governo, já que a lei criminalizava o evangelismo.
Após a intensa pressão, Evo Morales recuou e suspendeu o Código do Sistema Criminal. A decisão do então presidente serviu para os adversários identificarem uma tendência do governo de não suportar mobilizações maciças, e agora, essa fraqueza foi explorada diante das suspeitas de fraudes nas eleições.
Agora, um vídeo de um coronel do Exército boliviano vem circulando nas redes sociais. Ele comparece a uma celebração numa igreja evangélica do país e declara que entregou o comando das Forças Armadas a Jesus Cristo.
Confira no vídeo abaixo:
Coronel boliviano vai a uma igreja neopentecostal e entrega o comando das forças armadas a Jesus Cristo
Parece lindo
Mas é como quem entrega o dízimo a Deus pelas mãos de Silas Malafaia!
pic.twitter.com/7UQPu8lqAx— Hendrix Careta🎸 (@Hendrix_Careta) November 11, 2019