A Assembleia de Domingo, igreja ateísta fundada pelos comediantes Sanderson Jones e Pippa Evans, tem atraído uma multidão em seus encontros semanais e muitos afirmam que a congregação formada para reunir não religiosos tem seguido o caminho para se tornar uma religião.
Em um dos encontros da Assembleia de Domingo, relatado pela BBC, um grupo de mais de 300 pessoas se reuniu no espaço para a celebração, onde ao invés de hinos, os não-religiosos ficam de pé para cantar músicas de Stevie Wonder e da banda Queen. Houve uma leitura de Alice no País das Maravilhas e uma palestra de um físico de partículas, Dr. Harry Cliff, que explicou as origens da teoria da matéria.
Além das atividades tidas como seculares, a igreja propõe também um momento para que os frequentadores refletissem sobre suas vidas, além de arrecadar ofertas para manutenção e ampliação da ideia que defendem.
Similar a denominações religiosas, igreja ateísta também recolhe doações, ou ofertas, de seus frequentadores. De acordo com Jones, as contribuições serão usadas para que sejam organizadas reuniões semelhantes em outros locais do país.
– Eu queria fazer isso porque pensei que seria algo maravilhoso – diz Jones.
Por causa dos moldes adotados pela Assembleia, muitos acreditam que Sanderson Jones está tentando fundar outra religião. Alguns não-crentes acreditam ainda que o ateísmo esteja se tornando uma religião em si mesmo, com seu próprio código de ética e sacerdotes autointitulados.
– Vai se tornar uma religião organizada. É inevitável. Um sistema de crenças vai se estabelecer. Haverá uma estrutura, uma perspectiva ética sobre a vida – diz o arquiteto Robbie Harris, frequentador da assembleia.
– Existe o perigo de que ela se torne ‘da moda’ e se torne centrada em uma pessoa só. Você pode acabar se colocando como um pregador, esse é o perigo – ressaltou o arquiteto.
Para o bispo Harrison, um pregador cristão há 30 anos, a igreja ateísta não é um ameaça aos religiosos. Ele prevê ainda que a jornada espiritual vivenciada na assembleia eventualmente levará seus frequentadores a Deus.
Para Jones, que rejeita a ideia de que esteja dando início a um culto, as assembleias estão no início e as próximas serão menos sobre ele e mais sobre as experiências de membros da congregação.
– Eu não acho que sou um pregador carismático. Eu só fico muito entusiasmado com as coisas e quero dividir isso com as pessoas – afirma.
Por Dan Martins, para o Gospel+