A decisão dos Emirados Árabes Unidos em reconhecer 19 locais de culto não muçulmanos em seu território, chamou atenção de autoridades internacionais e organizações religiosas, que veem com ressalvas o anúncio feito por um governo conhecido por sua intolerância em relação às minorias religiosas.
Entretanto, de acordo com o diretor executivo do Departamento de Desenvolvimento Comunitário de Abu Dhabi, Sultan Al Daheri, das 19 comunidades religiosas que receberão uma licença para funcionar legalmente, 17 são cristãs, uma é hindu e outra é Gurdwara Sikh.
Daheri afirmou que “o departamento está trabalhando na estrutura que facilitará os requisitos para dar licenças de culto e organizar mecanismos para atender todas as religiões e seitas”.
Os Emirados Árabes Unidos é um país de maioria muçulmana, onde a sua política é pautada pelo regime islâmico, que em muitos lugares do mundo não tolera a expressão de fé de outros povos.
Apesar disso, Daheri destacou como aparente motivação para a decisão do governo muçulmano a importância da “tolerância, o respeito mútuo e a cooperação”, como requisitos “fundamentais para uma nação que busca criar harmonia entre diversos setores da sociedade”.
Ted Blake, diretor da organização Portas Abertas na Espanha, enxergou o anúncio dos Emirados Árabes Unidos como algo positivo, mas com ressalvas. “Esta é aparentemente uma iniciativa séria dos Emirados Árabes Unidos. Queremos confiar que suas intenções são boas e que o resultado dessa iniciativa é benéfico para os cristãos locais”, disse ele.
Blake observou que o governo muçulmano do país procurou consultar os líderes cristãos locais, e de outras religiões, para adequar a implementação do projeto de licenciamento dos novos locais de culto.
“[As autoridades] falaram com os cristãos locais para saber o que querem, para ouvi-los e conhecer suas preocupações e para ajudar em suas necessidades”, disse ele. Apesar do otimismo, Blake pontou que essa também pode ser uma decisão meramente diplomática, para fins de marketing internacional, como é feito em outros países.
“Isso poderia ser nada mais que uma campanha para melhorar a imagem do país no mundo, dando uma imagem de um país aberto e tolerante, que por sua vez pode melhorar as relações comerciais com o exterior”, concluiu o missionário, segundo o Evangelical Focus.