O Papa Francisco parece estar disposto à marcar o final do seu papado fazendo apologia ao liberalismo teológico, ainda que veladamente. Após autorizar a liberação de bênção para “casais” LGBTs, o pontífice também deu uma entrevista no último domingo onde fez um polêmico comentário a respeito do inferno.
A fala do líder máximo da Igreja Católica Apostólica Romana se deu durante uma entrevista ao programa italiano Che Tempo Che Fa. Na ocasião, Jorge Mario Bergoglio fez uma reflexão pessoal a respeito do destino espiritual de parte da humanidade.
“Isto não é um dogma de fé. Isto que direi é uma coisa pessoal: gosto de pensar que o inferno está vazio”, afirmou o Papa Francisco, frisando que a sua visão não se trata de um ensinamento da igreja católica. “É um desejo que espero que se torne realidade, mas é um desejo”, continuou.
Relativismo
A fala do pontífice chama atenção devido ao viés liberal, algo que tem se popularizado nos últimos anos. Na prática, Francisco insinua que é adepto de uma corrente teológica chamada “universalismo”, a qual prega que todos os seres humanos, incluindo até mesmo os anjos caídos, serão redimidos por Deus.
Para os defensores dessa doutrina antibíblica, o inferno não seria uma condição real de existência, mas uma invenção humana criada com o objetivo de facilitar o controle da religião sobre os fiéis.
O principal fundamento dessa visão está no conceito distorcido de “amor”, o qual exclui a necessidade da confissão e do arrependimento dos pecados, baseado na fé exclusiva em Jesus Cristo como Salvador, como condição para a salvação espiritual.
É um tipo de entendimento que parece implícito na sequencia do comentário do Papa, onde o mesmo relativiza a gravidade do pecado aos olhos de Deus, conforme podemos observar abaixo:
“Gosto de pensar no Senhor com este abraço, quando vou dizer-lhe: mas eu falhei nisto. Gosto de pensar Nele, com a mão assim e que me diz: ‘mas continua, continua, continua’. O Senhor que nos encoraja a ir em frente, que não se escandaliza com os nossos pecados, porque é Pai e acompanha-nos”.
“O ‘problema’ é Dele: se acompanho o pecador ou se o envio diretamente para o inferno. E Ele escolhe acompanhar-nos. E é por isso que enviou o seu Filho, para nos acompanhar (…) enviou o seu Filho ao mundo não para o condenar, mas para o salvar”, completou Francisco, segundo a ACI Digital.
Doutrina
A fala do Papa dividiu opiniões, gerando novas críticas. Indiretamente, até o tradicional portal católico ACI Digital fez questão de lembrar que a doutrina católica reconhece a existência do inferno, através do catecismo número 1.035, onde é dito que “as almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos”.
O próprio Jesus Cristo falou especificamente sobre o inferno, por exemplo, em Mateus 5:29, quando fez um alerta justamente sobre as consequências de quem não reconhece os seus pecados e, em vez disso, os cultiva:
“Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros a que o teu corpo todo seja lançado no Inferno”, diz a passagem bíblica.
Ou seja, ao contrário do que sugeriu o Papa, Deus não ignora os pecados daqueles que não se arrependem e não buscam, genuinamente, transformação, algo que não se confunde com falta de amor e misericórdia por parte do Criador, sendo justamente esse o motivo pelo qual Jesus morreu na cruz
O Senhor, contudo, exige arrependimento e fé, sendo esta a condição para a salvação, também conforme as palavras de Jesus em João 3:36: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”. Veja também:
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