O papa Bento XVI anunciou nesta sexta-feira que o Vaticano estava pronto para forjar alianças com outras religiões contra o casamento gay. Como motivação para essa aliança, ele afirma que a família foi ameaçada “em seus fundamentos” por tentativas de mudar a sua “verdadeira estrutura”.
O pronunciamento foi feito durante o discurso de Natal para os funcionários do Vaticano, quando Bento XVI disse que a família estava sendo ameaçada por “uma compreensão falsa da liberdade” e um repúdio ao compromisso no casamento heterossexual.
– Quando tal compromisso é repudiado, as figuras-chave da existência humana vão igualmente desaparecendo: pai, mãe e filho, elementos essenciais da experiência de ser humano estão sendo perdidos – disse o líder dos 1,2 bilhão de católicos.
No discurso, um dos mais importantes que o papa dá a cada ano, ele disse que as pessoas não poderiam “desprezar a ideia de que eles têm uma natureza, dada por sua identidade física, que serve como um elemento de definição do ser humano”. Segundo o líder católico, a “dualidade pré-ordenada do homem e da mulher” tinha que ser respeitada, para que as famílias e as crianças não a percam o seu lugar e dignidade.
De acordo com a Reuters, em alguns países, a Igreja Católica já juntou forças com judeus, muçulmanos e membros de outras religiões para se opor à legalização do casamento gay. Em alguns casos com argumentos baseados em análises jurídicas, sociais e antropológicos, em vez de ensinamentos religiosos.
Em seu discurso o papa citou como “profundamente comovente”, um estudo realizado por Gilles Bernheim, rabino-chefe da França, que se tornou o tema de acalorado debate no país. Em seu próprio discurso na sexta-feira, o papa repetiu alguns dos conceitos no estudo Bernheim, incluindo a afirmação de que crianças criadas por casais gays seriam mais “objetos” que indivíduos.
Franco Grillini, líder da comunidade gay na Itália, chamou as palavras do papa de “grande loucura”, dizendo: “Onde o casamento gay foi aprovado, não houve nenhuma consequência sobre o casamento heterossexual”.
Por Dan Martins, para Gospel+